Insegurança, vergonha e medo

05/10/2016 às 17:04.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:07

Embora saibamos o prejuízo que algumas emoções podem nos trazer, muitas vezes não conseguimos dominá-las. Sentimo-nos prisioneiros, mas não sabemos como deixar de sê-los. 

A insegurança, por exemplo, pode ser a grande vilã do sucesso profissional ou pessoal de um indivíduo. Na década de 50, um psicólogo de nome Solomon Asch, revelou essa fragilidade através do seguinte experimento: numa sala de aula, ele desenhou quatro linhas e fez uma pergunta cuja resposta correta seria a linha de número 3. 

A resposta era óbvia, entretanto, no intuito de induzir a turma, Solomon combinou com 7 alunos que eles responderiam que a linha correta seria a de n. 1. O que aconteceu? A maioria dos alunos, mesmo acreditando intimamente que aquela não seria a resposta correta, não teve coragem de ir contra os demais. Ficaram inseguros de arriscar e não defenderam suas opiniões. 

Esse comportamento foi batizado de Síndrome de Solomon – indivíduos que confiam mais na opinião dos outros do que nas próprias. 

A insegurança é a ausência de convicção. O indivíduo inseguro sente que o outro é superior a ele e por isso se desestabiliza ao menor sinal de desaprovação ou ao surgimento de uma nova variável. Suas decisões são instáveis e precisam de constantes reforços positivos. 

Já a vergonha deriva da sensação de inadequação. O indivíduo que não se sente confortável consigo mesmo fica envergonhado em situações corriqueiras, como fazer uma pergunta em público, vivenciar situações novas, dizer o que pensa, pedir uma informação. Já ouvi relatos de pessoas que sentem vergonha de ir ao banheiro. 

Geralmente, esse desconforto surge quando a pessoa sente que está sendo observada. É por isso que “ser o centro das atenções” é tão desconcertante para alguns. Estar sob holofotes é estar vulnerável ao julgamento alheio. 

O ponto interessante é que a vergonha ocorre a partir do autojulgamento. Ou seja, é com base na própria percepção que o indivíduo acredita estar sendo avaliado. Por isso, quanto maior a sensação de inferioridade, maior a vergonha. 

O medo vem como pano de fundo dessas emoções: medo de errar, medo de fracassar, medo de perder, medo do ridículo, medo de não ser aceito. 

A insegurança, vergonha e medo estão relacionados tanto com a infância – excesso de críticas, educação rígida, comparações entre irmãos, desassistência materna ou paterna –, quanto com as experiências da vida adulta – frustrações, traumas, perdas e dores.

Tudo isso pode contribuir para o enfraquecimento da autoestima e é aí que mora o perigo: quanto mais baixa a autoestima, maior a preocupação com o que os outros irão pensar. 

Essa preocupação excessiva com o outro (que na verdade é uma preocupação com a própria imagem), faz com que o indivíduo crie uma personalidade artificial e adaptada, podendo se tornar no que o senso comum chama de “bonzinho” – uma característica supostamente nobre, mas que deriva de um grande sofrimento. 

  

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