Por que somos tão supersticiosos?

11/04/2018 às 17:22.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:17

Se estamos prestes a receber uma boa notícia tentamos manter sigilo temendo “olho gordo”. Se pensamos em algo que remete ao azar, batemos na madeira para isolar o mal. Se falamos na possibilidade de ocorrer uma tragédia, logo dizemos: “vira essa boca pra lá”.

Além disso, muitas pessoas evitam passar debaixo de uma escada, evitam o número treze, gostam de pisar com o pé direito, jogar moeda numa fonte e fazer um pedido. Há também alguns objetos inicialmente neutros, mas que ganham status de poder: olho grego, figa, ferradura, elefante, pé de coelho, uns para dar sorte, outros para evitar mau olhado.

A lista de superstição é grande. No futebol então, nem se fala. Até aqueles que dizem não acreditar, quando se trata do time preferido, acabam caindo nas crendices.

E isso não é coisa só da nossa cultura. A superstição está espalhada por todo lado. Na França, por exemplo, as pessoas acreditam que colocar um pão de cabeça para baixo traz azar e infelicidade para família. Nos Estados Unidos, os recém-casados costumam guardar a parte de cima do bolo no congelador para comê-lo um ano após o casamento. No México, parte da população acredita que, se você derrubar uma tortilha, vai ter que conversar por longas horas com uma pessoa chata e muitos europeus também carregam avelãs no bolso para evitar o envelhecimento precoce.

Os relatos podem parecer exagerados ou até uma bobagem, mas o fato é que as superstições existem há séculos e dificilmente irão acabar. Isso porque elas estão sustentadas por duas forças muito poderosas: a fragilidade humana e o desejo de controle.

Por mais que nos percebemos fortes, temos que lidar com algumas fragilidades inerentes à nossa existência, como por exemplo os medos que permeiam o campo da doença, amor e dinheiro. Nos sentimos tão inseguros que tentamos, de alguma forma, atenuar esse sentimento através de alguma ação, nem sempre concreta. Não é a toa que muitas pessoas quando recebem um diagnostico de doença grave, dão logo um jeito de fazer uma “promessa” em troca da cura.

No amor não é diferente, tudo que possa fornecer o mínimo de garantia, é bem vindo. Vale lembrar dos “cadeados do amor eterno” espalhados pela cidade de Paris. Reza a lenda que se colocar um cadeado, com os nomes gravados, nas grades da ponte e jogar a chave no rio Sena, os amantes estarão unidos em compromisso eterno.

A única forma de quebrar o pacto é encontrar a chave do cadeado no rio e destrancá-lo, ou seja, sem chance de reversão. A superstição ganhou tantos adeptos que a ponte não aguentou o peso e caiu no rio juntamente com os cadeados. Os amantes adoraram, pois se sentiram mais amarrados ainda.

A fragilidade humana atrelada ao desejo de controle, faz com que o indivíduo não só acredite em superstição, como também pague quantias exorbitantes a videntes na tentativa de obter informações privilegiadas sobre o futuro.

A verdade é que não suportamos a ideia de não termos controle total sobre nossa vida.

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