É grande o número de pessoas que buscam terapia no intuito de se fortalecerem emocionalmente. Sentem-se fragilizados em determinadas situações mas gostariam de reagir de forma mais firme.
A busca em si é legítima, contudo o que não se tem bem definido, é o que significa, de fato, ser uma pessoa forte.
Muitos pensam, que forte é aquele que não se abala, não esmorece, não deixa a “peteca cair” ou quem sofre um golpe emocional e imediatamente se recupera. É preciso ter cautela com esse tipo de pensamento. Pessoas que não se abalam mediante um baque emocional provavelmente são mais frias do que fortes.
Ser frio e ser forte são coisas diferentes.
Pessoas de personalidade fria são centradas em si e não se envolvem com profundidade no problema do outro. Em consequência disso, desenvolvem uma espécie de blindagem emocional, que lhes confere sofrer pouco ou quase nada mediante algum baque. Portanto, ter a capacidade de “sacudir a poeira e dar a volta por cima” em alta velocidade, pode não ser uma característica tão positiva quanto se pensa. É claro, que ficar estagnado no sofrimento também não é a solução. Mas, é importante ter em mente que ser uma pessoa forte é diferente de ser uma pessoa de baixa consciência afetiva.
Outra questão que gera equívocos é acreditar que a capacidade de suportar dor é uma característica que determina uma pessoa forte. Isso nem sempre é verdadeiro. Somos acometidos por dois tipos de dores: as inevitáveis como morte, doenças, tragédias e as evitáveis: como casamentos ruins, amizades falsas, empregos abusivos. Conseguir lidar bem com as situações inevitáveis da vida é grande demonstração de força. Porém, suportar a dor que pode ser modificada caracteriza fraqueza emocional. Mas isso não é tão simples de se perceber.
Vivemos numa cultura onde o sofrimento é enaltecido e valorizado. Não é à toa que um indivíduo que permanece, por muito tempo, numa situação sofrida se considera merecedor de um prêmio: “eu devia ganhar um prêmio por suportar um casamento tão ruim”. É preciso ficar atento para não cair nessa armadilha, pois há uma forte romantização da dor induzindo à crença de que suporta-la é sublime. Isso é tão perigoso, quanto destrutivo.
Ser forte é ter a capacidade de suportar as dores inevitáveis da vida, mas incapacidade para aquelas que são passíveis de mudança. Afinal, gostar de sofrer não é coisa de gente forte, mas sim, de masoquista.