Uma análise sobre a hipocrisia

21/09/2016 às 18:01.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:55

A origem do vocábulo hipocrisia deriva do o grego hypokrisía, usada para designar os atores de teatro que tinham habilidade para imitar a fala, gestos e modos de outra pessoa. Eles usavam máscaras de acordo com o papel que representavam. Vem daí a adaptação do termo para qualificar alguém que oculta a realidade atrás de “máscaras”.

Na acepção atual, hipocrisia é o ato de forjar sentimentos, comportamentos e virtudes nas quais o indivíduo não possui. 
A hipocrisia começa por uma fraqueza de caráter. Pessoas incapazes de serem verdadeiras, simulam condutas e exigem do outro aquilo que nem ele mesmo possui. Aos poucos esse comportamento passa a ser um padrão de conduta chegando num nível onde a máscara vira rosto, ficando praticamente impossível separá-los. 

A hipocrisia anda de mãos dadas com o dictum de Nicolau Maquiavel que diz: “os homens em geral formam suas opiniões guiando-se mais pela vista do que pelo tato, pois a todos é dado ver, mas a poucos é dado sentir. Cada qual vê o que parecemos ser, mas poucos sentem o que realmente somos”. 
Maquiavel sugeria o simulacro, visto que a maioria das pessoas não enxergam além das aparências. 
O indivíduo com conduta hipócrita torna-se uma pessoa contraditória: 
– A prédica e a prática não coadunam – fala uma coisa e faz outra;
– Condena o outro pelo mesmo crime que comete;
– Carrega consigo um duplo padrão de valores: aplica ao outro penalidades não aplicáveis para si – ao outro o rigor, a si misericórdia;
– Proferem discursos de humildade no auge da sua prepotência. 

É curioso perceber que, mesmo com esses comportamentos discrepantes, a sociedade acolhe bem a hipocrisia. Basta observar as pessoas mais verdadeiras como são julgadas e condenadas. Muitas vezes, dentro da própria família, a sinceridade parece não ser bem vinda. Por exemplo: uma adolescente que assume para os pais que faz sexo com o namorado e é penalizada. Caso ela fizesse uso da hipocrisia, fingindo um comportamento que não tem, nada aconteceria. 

A hipocrisia parece ser mais agradável aos ouvidos. Uma espécie de auto engano concedido. E a política é um outro exemplo. Ganha as eleições quem consegue blefar mais, prometer mais, iludir mais. E mesmo quando descoberto, se reelege fazendo uso dos mesmos métodos. 
Mas não pára por aí, a hipocrisia também atinge o campo espiritual. Há quem se diz ungido e salvo pela fé, mas no dia a dia vive de forma preconceituosa, desvia dinheiro, rouba, mente, trai. Mas religiosamente vai a igreja e julga quem não o faz. Respeito qualquer tipo de crença, mas penso que um ateu honesto tem mais valor que um religioso hipócrita. 

A hipocrisia define uma óbvia falha de caráter. É própria de quem não possui culpa nem remorso, sendo a única intenção obter vantagem, seja ela financeira, emocional ou moral. 

É importante ressaltar que quem mantém o hipócrita é o entusiasta da hipocrisia, revezando em si papeis. Ora aplaudindo, ora atuando, mantendo a farsa mesmo afirmando ser amante da verdade. 

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