Vaidade ou doença?

30/03/2016 às 18:09.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:42

Vivemos numa sociedade do espetáculo onde a aparência é cultuada e supervalorizada. Alguém fora dos padrões estéticos convencionados está sujeito a severos julgamentos, tendo, por vezes, sua conduta moral atrelada à sua aparência física.

A moralização da imagem é algo tão condicionado que é comum ouvirmos frases do tipo: “Pessoa que se veste ‘assim’ não é confiável”. Dessa forma, quanto mais o indivíduo se enquadrar nos moldes impostos, menos julgado e mais aceito ele será. Na busca por essa aceitação muitos exageram e vão além da vaidade, chegando a obsessão e a doença. Vejamos alguns exemplos:

– Anorexia: a busca da magreza para chegar ao corpo perfeito, porém a perda de peso é feita através de uma redução drástica da alimentação e longos períodos em jejum. O quadro se agrava quando o indivíduo, mesmo muito magro, não consegue parar de emagrecer. Continua se percebendo gordo mesmo estando com os ossos à mostra.

– Bulimia: a doença se apresenta em dois ciclos, onde a primeira é a ingestão exagerada de comida e a segunda, o vômito forçado. Existe a bulimia não purgativa quando o indivíduo ao invés de vomitar, toma remédios, laxante ou diurético no intuito de perder a gordura ingerida. É uma doença silenciosa que demora para ser percebida pelos familiares.

– Drunkorexia: também conhecida como anorexia alcoólica. A palavra “drunk” vem do inglês que significa “bêbado”. O termo foi criado nos EUA para definir distúrbios alimentares associados ao álcool. Pessoas com intuito de perder peso optam pelas bebidas alcoólicas ao invés da comida. A diferença entre a drunkorexia e o alcoolismo é que no primeiro a ingestão da bebida está ligada ao fato de querer emagrecer.

– Vigorexia: conhecida vulgarmente como o “distúrbio das academias” é também chamada de anorexia reversa ou síndrome de Adônis (em referência ao mito grego famoso por sua beleza). A característica principal é a preocupação excessiva com o ganho de massa muscular. Indivíduos acometidos por este transtorno, mesmo estando fortes fisicamente, se veem magros e continuam em busca de músculos. Como toda ditadura da beleza o ideal se sobrepõe ao risco, pessoas com vigorexia geralmente lançam mão de anabolizantes sem se preocuparem com os problemas decorrentes disso.

– Transtorno Dismórfico Corporal (TDC): também conhecido como dismorfofobia ou síndrome da distorção da imagem. O termo “dismorfia” vem do grego onde “dys” significa “inadequado” e “morphé”, “aspecto”. O indivíduo que sofre com esse transtorno distorce sua imagem criando para si uma imperfeição imaginária e uma obsessão em corrigi-la. Um clássico exemplo é o cantor Michael Jackson. Seu desconforto com a própria imagem era tão grande que ele corrigia uma cirurgia com outra numa busca interminável pelo ideal. Outro exemplo são as pessoas que buscam a aparência de bonecos (barbie e ken). É importante ressaltar que o procedimento cirúrgicos não cessa o transtorno, ao contrário, costuma piorar, pois uma cirurgia é um incentivo para outra.

É importante tratar esses casos com sensibilidade. Pessoas com problemas de aceitação da própria imagem são sofredores que se odeiam o tempo todo. Certamente precisam mais de acolhimento e ajuda do que de julgamentos.

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