Você é o que você sente

20/06/2018 às 18:56.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:52

Cada vez mais, estudos mostram que as emoções tanto podem preservar nossa saúde, quanto podem interferir consideravelmente no surgimento de doenças.  Seguindo a máxima da nutrição "você é o que você come", na psicologia "você é o que você sente". Isso ocorre pelo fato das emoções jogarem em nossa corrente sanguínea um um coquetel de elementos químicos fazendo com que nosso corpo acione respostas fisiológicas, tanto boas, quanto ruins.  Emoções positivas como gratidão, bondade e amor estimulam a produção de uma sustância chamada oxitocina. À medida que ela é absorvida pelo nosso organismo nossos vasos sanguíneos dilatam, o que propicia a diminuição da tensão arterial. Conclusão, quem produz oxitocina com frequência tem menos chances de desenvolver doenças cardíacas. Este é apenas um de inúmeros exemplos que temos conhecimento. 

 Emoções negativas como raiva, medo e ansiedade podem estimular a produção de cortisol, elemento químico do estresse, que faz com que o corpo entre num estado de alerta como se estivesse correndo risco de morte ou precisasse lutar ou fugir. Como tal ameaça não existe, a química acaba sendo absorvida pelo organismo passando de remédio para veneno.    Maria, uma moça de 35 anos, carreira profissional em ascensão, casada, com um filho. Seu marido, um rapaz extrovertido, de bem com a vida e apaixonado por ela. Porém, trazia em seu traço de personalidade uma nuance de narcisismo, o que o deixava com  comportamento egoísta e baixa empatia. Seu jeito, voltado para si e com ego inflado, aos poucos foi drenando a autoestima de Maria. Ser casado com um narcisista não é tarefa fácil: a relação nunca é igualitária, o pedestal é apenas para um, enquanto o outro, é secundário. Quando Maria relatava sua insatisfação ao marido, ele ouvia, mas sua limitação empática não o permitia entender a dimensão da sua dor.  Ele tentava contribuir com frases do tipo: "pare de reclamar, vamos ser felizes", uma "ajuda" que, em termos práticos, não resolvia nada. Aparentemente, Maria tinha o casamento dos sonhos, porém, na vida íntima, sentia  uma dolorosa solidão a dois.  Costumamos pensar que dores subjetivas não causam danos. Ledo engano. Ao longo do tempo, Maria se tornou uma pessoa ao mesmo tempo sensível e explosiva, ao melhor estilo passiva/agressiva. O desgaste emocional que o casamento com um narcisista exige fez com que Maria enfraquecesse seu sistema imunológico, com isso as doenças não paravam de aparecer: a pele perdeu o viço, o cabelo caiu e, para dar vazão à sua angustia, desenvolveu um consumismo exagerado. Toda essa desesperança levou Maria a um quadro depressivo severo, permeado por tristeza, desesperança, sensação de abandono, insônia, mente tagarela e baixo rendimento no trabalho. Típico caso de doença produzida a partir do desconforto emocional.  Se vale a pena viver assim? De certo não. Mas só quem está nessa situação pode se salvar.  

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