Você namoraria alguém com o passado homossexual?

O autor estava ciente de que a sexualidade não é algo fixo, ela migra desde o nascimento até a morte

05/05/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:24

“Estou saindo com um cara e gostando dele, já saímos umas cinco vezes e tivemos relação sexual, foi ótimo. A questão é que eu descobri que ele já namorou um homem por quase um ano. Quem me contou foi o amigo do ex dele, mas disse também que esta foi a única experiência gay da vida dele. Ele não sabe que eu sei e eu não tenho coragem de tocar no assunto. Não sei se é justo terminar com ele por causa disso. Será que ele é bissexual?”

O e-mail foi enviado por uma leitora e traz o dilema de terminar ou prosseguir na relação amorosa com alguém que pode ser bissexual. 

Experiências bissexuais podem ser mais comuns que imaginamos, mas em geral não são reveladas. Para saber mais sobre o tema, entrevistei algumas pessoas e dos dez homens ouvidos, nove não viam problemas em assumir uma relação com alguém que já transitou pela bissexualidade. Já as mulheres, das dez entrevistadas, apenas uma disse aceitar, mesmo assim com algumas ressalvas.

Nesse aspecto, a bissexualidade feminina parece ser mais aceita que a masculina. A justificativa às respostas foi muito parecida. Na opinião deles, a mulher consegue ir e vir dessa experiência. No contrário, elas não acham possível. Outra questão é a insegurança das mulheres, enquanto os homens se sentem motivados por entenderem que erotiza a relação. 

Muitos atribuem aos “tempos modernos” a bissexualidade, mas estudos feitos na década de 1940, pelo biólogo Alfred Kinsey, conhecido como o pai da revolução sexual, nos ajuda a entender os mecanismos da escolha. Em “Sexual Behavior in the Human Male” e “Sexual Behavior in the Human Female”, Kinsey percebeu que o comportamento sexual humano não podia ser enquadrado na dicotomia “hetero” e “homo” e assim montou a escala de Kinsey que descreve as seguintes classificações: 

Exclusivamente heterossexual

1 Predominantemente heterossexual, apenas eventualmente homossexual

2 Predominantemente heterossexual, embora homossexual com frequência

3 Bissexual

4 Predominantemente homossexual, embora heterossexual com frequência

5 Predominantemente homossexual, apenas eventualmente heterossexual

6 Exclusivamente homossexual

De acordo com a pesquisa feita na época com 18 mil pessoas, 50% dos entrevistados estavam entre o número 1 e 5, ou seja, eram bissexuais, 46% eram exclusivamente heterossexuais e 4% exclusivamente homossexuais. 

Posteriormente, Kinsey acrescentou à sua escala a classificação “assexual”. O autor estava ciente de que a sexualidade não é algo fixo, ela migra desde o nascimento até a morte permitindo fluidez em cada momento da vida. 

Apesar da sua escala ter sofrido muitos ataques, ela é usada até hoje por pesquisadores. A quem interessar testar seu momento atual, é possível faze-lo silenciosamente através do site http://vistriai.com/kinseyscaletest/

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