A praga do celular

26/01/2017 às 15:33.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:34

Reportagem publicada na edição de quarta-feira do Hoje em Dia, na seção Horizontes, mostrou como o aumento dos valores (e a mudança na graduação de algumas infrações de trânsito), a partir de novembro, fez a média mensal de multas despencar 27% em Belo Horizonte na comparação com os meses anteriores. Sinal de que, se ainda não somos totalmente capazes de respeitar as leis culturalmente, ao menos quando o bolso aperta, procuramos andar na linha.

Ou quase, já que uma prática perigosa e condenável parece resistir sem que os motoristas se sintam intimidados. Falo do uso do celular ao volante, que já era proibido e, de infração média, tornou-se gravíssima, o que representa sete pontos a mais no prontuário do condutor e R$ 293 a menos na carteira. E o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não deixa dúvidas em sua nova redação: não se trata apenas de falar, mas de manusear o telefone quando na direção. Justamente para inibir o uso dos aplicativos de mensagens instantâneas ou aquela olhada rápida na caixa de e-mails.

O grande problema, no caso, vai da fiscalização. Enquanto o avanço de sinal vermelho ou o excesso de velocidade são flagrados eletronicamente, dispensando a presença do agente de trânsito e seu talãozinho implacável, no caso do celular é necessária a constatação da infração. E muitos motoristas seguem a lógica do “o que os olhos não veem, o coração não sente”. Se não há Guarda Municipal ou PM por perto, barra limpa, conversa-se tanto ou mais que antes. Para completar o quadro, uma infração acaba encoberta por outra: películas com transparência muitas vezes menor do que a prevista na lei encobrem o que se passa do lado de dentro. E se não dá para ver, não dá para multar.

Por mais que se faça vídeos ou se publique estudos mostrando como o uso do celular favorece acidentes, o desrespeito segue à toda. E se os modelos mais antigos de telefone não favoreciam o uso remoto, hoje não é o caso. Mesmo nos veículos menos recentes, sem centrais multimídia ou comunicação por Bluetooth, basta pendurar o aparelho com um desses suportes à venda em qualquer loja do ramo – a grande maioria dos smartphones conta com recursos de ativação por voz ou alerta de que o dono não pode atender no momento.

Dos Estados Unidos vem uma mostra de que a farra pode estar com os dias contados. Aproveitando-se de tecnologia militar israelense, a Polícia de Nova Iorque já usa um sistema capaz de monitorar toda a atividade recente do smartphone. Bateu a suspeita de que um acidente tenha sido favorecido pelo uso do telefone, o equipamento passa a limpo e, constatada a irregularidade, a coisa se complica para o motorista. Se e quando chegará por aqui é outra história, mas, se vier, com certeza acaba com a farra. Afinal, como está mais do que provado, pesou no bolso o brasileiro aprende...

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