Elétrico: sim, mas não agora

22/07/2017 às 09:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:42

O investimento das montadoras em sistemas de propulsão que usem apenas combustíveis ecologicamente corretos é mesmo irreversível. Se chegaremos a testemunhar um dia em que os postos de gasolina serão totalmente substituídos pelas estações de recarga vai uma longa distância, mesmo porque não basta desenvolver baterias mais “inteligentes”, menores e que proporcionem maior autonomia, mas é preciso dotar as cidades, grandes e pequenas, de estruturas que favoreçam o emprego dos elétricos (ou veículos movidos a hidrogênio e fontes alternativas de energia). Algo que até pode estar na agenda dos países mais desenvolvidos, mas não é, nem de perto, prioridade nas economias mais frágeis (eu incluiria o Brasil no grupo).

Por outro lado, está bem mais próximo o dia em que a tecnologia permitirá reduzir consideravelmente o volume de emissões de materais poluentes. Enquanto boa parte das fábricas ainda fala em um modelo ou outro; faz planos de médio e longo prazo, a Volvo, hoje parte do Grupo Geely, confirmou que, de 2019 em diante, todos os seus veículos deixarão as fábricas como híbridos, com algum auxílio da eletricidade para garantir potência e torque. Algo que se vê nas pistas com grande eficiência – tanto os carros da F-1 quanto os protótipos do Mundial de Endurance usam calor dissipado pelos freios e pela turbina para completar o trabalho do motor a combustão.

Mesmo porque há especialistas que consideram exagerada toda a celeuma em torno dos motores movidos por combustíveis fósseis. Antes de mais nada porque, nas últimas décadas, o etanol (da cana, do milho ou de biomassa) ganhou espaço nos principais mercados, em percentagens cada vez maiores. E nunca é demais lembrar que a produção de energia elétrica para dar conta da demanda extra provocada por centenas de milhões de veículos em todo o mundo certamente exigiria mais usinas e reforço nas redes de transmissão – e boa parte da eletricidade produzida no planeta ainda se dá em termelétricas movidas a carvão mineral, gás natural ou óleo combustível – ou seja, igualmente danosas ao meio ambiente e dependentes de fontes não-renováveis.

Lógico que a guinada rumo a fontes de energia limpas é louvável e, como eu comentei lá no alto, irreversível. Mas engana-se quem se apressou em decretar a morte dos motores à combustão – eles seguirão por muito tempo, mais eficientes, menos poluentes e auxiliados por sistemas complementares. Até que um dia, se for o caso, os carregadores plugados na tomada se tornem equipamento obrigatório no cotidiano de todo motorista. 

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