O futuro das concessionárias e as concessionárias do futuro

20/10/2017 às 19:35.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:19

Essa "coisa" chamada internet mudou, e muito, os principais modelos de negócio pelo mundo. Hoje, sem sair da cama, é possível comprar de camisa a pacote de viagem para o exterior, sem esforço e com toda a comodidade. Em boa parte dos casos, o produto é entregue em casa ou onde o consumidor quiser. E a tendência é de que o processo fique ainda mais simples e completo num futuro breve.

Lógico que com a venda de veículos zero quilômetro não seria diferente. Hoje ainda predomina o modelo das concessionárias com showrooms imensos e um pátio razoável, e vendas que seguem uma lógica de décadas: quer levar uma cor específica, uma versão ou um pacote de opcionais? Se está no estoque (o que é raro), já se sai da revendedora com a chave na mão. Se não está, espera-se um determinado prazo até que a cegonha (a carreta) despeje o objeto dos sonhos no local da compra.

Só que muita coisa anda mudando também na comercialização de veículos. No Brasil, como em boa parte do mundo, as fábricas têm apelado para a reserva ou pré-compra pela internet, com direito a configurar o modelo desejado e, se não houver desejo de conhecê-lo de perto antes, é possível ir à concessionária apenas para retirá-lo. A Audi foi além e desenvolveu, aqui e na Alemanha, um sistema de realidade virtual que permite ao interessado conhecer cada detalhe do carro sem que ele esteja ali. Um óculos 3D e pronto: um TT Attraction 2.0 TFSI S tronic, por exemplo, se materializa diante de seus olhos. Na Espanha, um consumidor resolveu brincar com as possibilidades e fechou negócio pelo Twitter. Postou a hashtag #comprarumcarropelotwitter e recebeu o contato da Nissan que, pelo aplicativo Periscope apresentou seu SUV X-Trail. Fez uma enquete entre seus contato s, que recomendaram o modelo e o recebeu em casa, entregue por um serviço de logística.

Vai chegar o ponto em que não se justificará ter instalações imensas, dezenas de modelos expostos – um exemplar de cada, a oficina e o setor de pós-venda e acessórios vão bastar. Mais inteligente será apostar em eventos exclusivos, exposições, experiências de condução que vão além da tradicional relação de compra e venda. Eu não duvidaria que, também com carros e motos, ocorrerá o que se vê, por exemplo, com os eletrônicos: lojas-conceito em shoppings, em que o consumidor brincará com os recursos dos sistemas multimídia ou poderá mergulhar no funcionamento dos principais dispositivos do veículo, tudo com muita realidade virtual.

Sim, especialmente num país gigantesco e de contrastes como o Brasil, não é coisa para um mês ou dois, mas uma coisa está cada vez mais clara: as concessionárias e o processo de compra de um zero quilômetro não serão como antes...

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