Olha o preço da banana...

28/07/2017 às 16:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:48

Quem já passou dos 40 certamente se lembra da situação econômica vivida nos anos 1980, quando a inflação fugia do controle e os preços costumavam mudar de um dia para o outro, quando não num mesmo dia. Havia sempre o temor de um reajuste dos preços dos combustíveis e, quando ele era confirmado (normalmente nos jornais noturnos da TV, com entrada em vigor à 0h seguinte), começava uma romaria aos postos, com filas imensas de motoristas dispostos a encher os tanques antes de mais uma punhalada no bolso.

E quando o aumento vinha, havia um efeito-cascata em parte justificado, e em parte fruto da malandragem brasileira. A desculpa para os preços maiores, da passagem de ônibus ao quilo da banana, era sempre a mesma: “pois é, a gasolina aumentou, já viu...”.

Desde então, o cenário evoluiu bastante, a ponto de termos a mesma moeda desde 1994 e nada daqueles zeros que faziam qualquer coisa custar milhões de cruzados, cruzeiros novos ou o que fosse o nome de nosso desvalorizado dinheiro. Não só o Brasil se tornou autosuficiente em petróleo, como as reservas do Pré-sal trouxeram um panorama bem mais interessante, já que permitiu descolar (um pouco) os preços das idas e vindas do dólar e dos efeitos das crises internacionais.

Nos acostumamos a ver concorrência, oscilações relativamente pequenas de uma semana para a outra e, algo inédito, a possibilidade de redução dos preços nas refinarias, a partir do momento em que a Petrobras passou a monitorá-los com maior frequência, considerando o cenário mundial. Aí vem o Governo Federal e, em nome de “um esforço para conter o rombo nas contas públicas”, decide aumentar dois dos tributos que incidem sobre os combustíveis: PIS e Cofins. O que fez, de uma vez só, o preço do litro saltar em torno de R$ 0,40.

E embora a coluna não seja de economia, mas sim de veículos, o raciocínio é simples: quem menos pode é que mais vai pagar a conta, já que completar o tanque ficou bem mais salgado. E assim com quem usa o veículo em seu negócio (penso nos prestadores de serviços e micro-empresários, principalmente). Sem contar que é quase impossível escapar do repasse aos preços das passagens de ônibus. E no caso específico de Belo Horizonte ainda mais, já que o arremedo de metrô é insuficiente para as necessidades da população. E como vivemos num país em que o transporte rodoviário é o que manda, vai acabar sobrando também (e de verdade) para o preço da banana, do leite, da carne. Por falar nela, não teria sido mais justo o governo cortar na sua? A população podia perfeitamente dormir sem mais essa...

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