Por fora, bela viola...

25/02/2017 às 13:01.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:43

Não foi a primeira vez e, infelizmente, não será a última. Por mais que a indústria automobilística brasileira tenha atingido a maturidade e diminuído o fosso que nos separava dos mercados de Europa e Estados Unidos, alguns costumes condenáveis se mantêm. Como o de apostar em equipamento ultrapassado ou oferecer lobo em pele de cordeiro. Mais do que agradar ao consumidor, a ordem entre os executivos parece ser espremer ao máximo todo o maquinário e ferramental disponível, contendo ao mínimo os investimentos.

O exemplo mais recente é o do Renault Captur que, na teoria, chega para ser uma opção menos rústica ao Duster. Só que, no fundo, os dois partem da mesma base, já que compartilham a plataforma. O novo cross-over tem, em sua versão “brasuca”, 4,33m de comprimento, 21 centímetros a mais do que o irmão francês, do qual herda o desenho. O desenho, mas não outros predicados, como a qualidade do acabamento. As formas do painel e do interior são idênticas, o que não é o caso dos materiais usados, do comportamento das suspensões e dos níveis de consumo.

Teria sido mais digno fazer como foi o caso na Rússia, em que o modelo – semelhante à versão brasileira – ganhou um K (Kaptur); ou mesmo chamá-lo de Grand Captur, ou coisa do tipo, para marcar a diferença. Até imagino a cena do proprietário de um comprado no Brasil ao dirigir a versão europeia e se dar conta de que estamos falando de mundos diferentes. No extremo oposto, a Renault terá de fazer o contrário: o Kwid, que se aproxima para substituir o aposentado Clio, não pode ser nem em sonho a versão vendida na Índia, onde levou bomba no quesito segurança.

Curioso é que o péssimo hábito de empurrar equipamento inferior ao consumidor verde e amarelo se mostra comum entre os franceses. Apenas em 2014 a Peugeot resolveu dar fim a um dos maiores engodos da nossa jovem indústria automotiva, lançando o mesmo hatch compacto 208 oferecido no resto do mundo. E aposentando um 207 que era completamente diferente do vendido na Europa – na verdade um 206 com a frente redesenhada. E o 308 oferecido por aqui e na Argentina está uma geração atrasado. Felizmente, nunca antes na história deste país houve tantas opções – e sempre tem alguém da concorrência disposto a oferecer mais por menos...

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