Segurança ou comodidade? Fique com os dois

26/05/2017 às 17:21.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:44

Não tenho números exatos, mas é fato que, na hora de comprar um veículo, seja zero quilômetro ou seminovo, a grande maioria dos consumidores opta por pagar mais em troca de maior comodidade, mas não faz o mesmo quando o assunto é segurança. Realidade ainda mais clara nos tempos em que a presença dos airbags dianteiros e do ABS não era exigida por lei. Os pacotes com nomes que incluíam "Confort", "Sport" ou semelhantes vendiam muito mais do que os que ofereciam auxílios à condução ou dispositivos extras de proteção.
O assunto está mais atual do que nunca não apenas por estarmos em pleno Maio Amarelo, movimento criado justamente para chamar a atenção sobre a importância de um trânsito seguro; mas, também, por dois episódios que ilustram bem como design, cores ou recursos do sistema multimídia não podem ser os únicos aspectos a se pensar antes de assinar o cheque.

Começo pelo mais positivo. O período entre os dias 8 e 14 passados marcou a Semana das Nações Unidas para a Segurança Viária e, como parte dela, o ANCAP, que é a versão regional do Instituto NCAP para Austrália e Nova Zelândia, divulgou uma experiência interessante e instrutiva. A entidade resolveu fazer um teste de impacto entre duas gerações de um mesmo modelo, separados por 17 anos de fabricação: o hatch do Toyota Corolla, que não é vendido no mercado brasileiro. Os dois colidiram de frente a 64km/h e os danos no exemplar 1998 foram quatro vezes maiores, assim como o risco de fatalidades aos ocupantes. Mérito das montadoras ou exigência da legislação, ficou clara a evolução nesse período.

Aí vem a parte negativa: o Latin NCAP ("primo" latino-americano do ANCAP) divulgou os resultados de uma nova bateria de testes de impacto no carro mais vendido do Brasil, o Chevrolet Onix, desta vez com os ensaios laterais, que não haviam sido feitos no fim de 2014. De três estrelas, o compacto passou a não ostentar nenhuma, justamente por conta do risco de choques nas portas trazerem ferimentos seríssimos. O Instituto não pode fazer nada além de questionar a integridade do produto com base nos resultados, enquanto a montadora se defende dizendo que respeita a legislação em vigor no país.

Robustez e qualidade dos materiais são dois atributos que deveriam ser mais valorizados no processo de escolha de um carro novo/seminovo. Normalmente não são porque ninguém se imagina vítima de uma fatalidade – mas é daqueles fatores que não precisam mostrar serviço para fazer sua parte. Nada contra um estofamento de couro, um sistema multimídia caprichado, mas, sem segurança, nada disso adianta. Entre ela e a comodidade, procure ficar com os dois.

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