Tecnologia sim, mas...

18/05/2018 às 14:48.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:55

“A tecnologia ocupa um espaço cada vez maior nos automóveis de produção para aumentar a comodidade e, principalmente, a segurança”. Eu seria louco se não acreditasse na afirmação – e é graças à evolução eletrônica, de computadores e materiais que sistemas como ABS e controles de tração e estabilidade passaram a atuar cada vez mais como anjos da guarda nas ruas e estradas.

Só que, como quase tudo no mundo, há uma ressalva, um aspecto preocupante no que hoje é um caminho quase sem volta, e o quase fica por conta da direção totalmente autônoma que, embora defendida pelas montadoras e empresas como Google e Apple, não me parece algo tão urgente ou necessário, até mesmo pelos riscos que ainda acarreta.

Pois eis que um artigo no New York Times, chamou a atenção para casos fatais ou de ferimentos graves provocados... pelo botão de partida (start/stop). Sim, nada menos que 28 mortes teriam sido registradas por envenenamento com o monóxido de carbono, em situações nas quais os proprietários pensaram ter desligado os motores, mas os mesmos se mantiveram em funcionamento em locais com pouca ou nenhuma circulação de ar.

Pode ser raro, incomum, mas a preocupação da NHTSA, o principal organismo de trânsito dos EUA (que cobra das montadoras a adoção de dispositivos obrigatórios de alerta) é a prova de que a questão é séria e não pode simplesmente ser ignorada. Eu lembro de outro caso, o que provocou, há dois anos, a morte do ator russo Anton Yelchin, atropelado na garagem de casa por seu Jeep Cherokee devido a uma falha no freio eletrônico de estacionamento.

O que mais me chama a atenção não são as dezenas de sistemas, dispositivos e siglas que a cada dia passam a integrar o pacote dos novos modelos, mas o fato de que não há nenhum tipo de orientação ou preparo por parte de quem vende. E imagino a situação em que o motorista se surpreende com o veículo, autonomamente, corrigindo uma trajetória ou adequando a velocidade para não se aproximar do que vai à frente – você há de recordar a tremida no pedal do freio com o ABS em ação. Na maioria dos casos é algo com que se acostuma, mas quem disse que não pode provocar reação intempestiva?

Se os carros estão cada vez mais prontos para ajudar quem vai ao volante, a recíproca não necessariamente é verdadeira. Vídeos explicativos em redes sociais até podem ajudar, mas é necessário ir mais longe. Pensar em cursos, simulações e na conscientização do público para evitar problemas como o do aparentemente inofensivo start/stop. Não custa lembrar que estamos falando de sistemas que foram testados exaustivamente para não falhar, mas não são isentos de erros ou panes de funcionamento. O que pode ser até tranquilo diante de uma tela de computador, não se deslocando sobre rodas a uma velocidade razoável...

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