Atoefeito

17/06/2016 às 06:00.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:56

Também conhecido pela sigla “AE”, o ATOEFEITO é um grupo brasileiro de atuação social constituído de forma voluntária. Seu foco reside em causas complexas, que passam pela transformação de percepções e atitudes em relação a uma dada realidade. 

Fundado e atualmente sediado em BH, ele surge simultaneamente a um manifesto de mesmo nome criado como resposta ativa, para além do clima geral de indignação, aos protestos de junho de 2013 em todo o Brasil. O documento, elaborado pela educadora e sensemaker Denise Eler, convida as pessoas a utilizarem as suas competências para impactar realidades que requerem mudanças, com base no mote “você está pronto!”.

Para alcançar seu objetivo de transformar sensibilidades, o coletivo funciona como um laboratório de soluções inovadoras, resultantes da mobilização de talentos profissionais, a partir da profunda investigação da causa eleita e de seus problemas. Como sugere o próprio nome da iniciativa, sua metodologia passa pela definição de ações (atos) que buscam promover mudanças (efeitos) sobre uma realidade que necessita de transformação.

Seguindo esse formato simples e flexível, e de acordo com os recursos de momento, inclusive humanos, várias realidades podem ser impactadas ao mesmo tempo, passando cada uma por distintos, mas complementares, processos de intervenção. Os desafios transformados dessa maneira compõem o portfólio social do ATOEFEITO. 

Projeto piloto

Desde abril de 2014, o AE está articulado em torno do universo APAC – Associação de Proteção e Assistência aos Condenados. Modelo alternativo de execução penal, as APACs são unidades prisionais focadas na recuperação dos condenados às penas privativas de liberdade a partir de um método que aposta em eixos como disciplina, laborterapia e resgate da autoestima. No estágio mais avançado, uma APAC é administrada pelos próprios condenados, conhecidos como “recuperandos”.

A decisão de abraçar a causa veio da surpresa do grupo com a pequena visibilidade dessa proposta – genuinamente nacional e exportada já para quase 30 países – justamente entre nós, brasileiros. Sintoma de uma sociedade que insiste em dispensar um tratamento de segunda classe ao sistema prisional, ignorando que os condenados voltarão para o seu convívio e, mais, que o ser humano pode ser recuperado. 

Após um período de imersão nessa realidade, com visitas de campo, entrevistas e levantamento de referências, o ATOEFEITO vem sistematizando conteúdos relacionados ao funcionamento, histórico e impacto social das APACs. Nesse sentido, estão sendo criados infográficos, site e documentário destacando o Método APAC, seu comparativo com o sistema comum, depoimentos de recuperandos, familiares e voluntários. 

O objetivo é transformar o modo como as APACs se comunicam com a sociedade, especialmente junto ao público indiferente ou aversivo à situação prisional. Desafio em que o coletivo testa dinâmicas e linguagens orientadas pelo design thinking – que associa processos de design à inovação e à resolução de problemas. 

Prevista para dezembro de 2016, uma exposição marcará o lançamento dos produtos elaborados nesse projeto. O foco comunicacional nessa primeira entrega é resultado da atual composição do time – com profissionais e estudantes de design, web, letras e jornalismo – mas o AE não é uma iniciativa restrita à produção de conteúdo. O ATOEFEITO está aberto aos diferentes campos do saber e fazer. 

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