3,40 não. Contra o aumento no bilhete do metrô

09/05/2018 às 20:54.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:45

A CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos) surpreendeu a população da Região Metropolitana de Belo Horizonte com o anúncio do aumento de 88% no valor do bilhete do metrô. A decisão altera o custo da passagem de R$ 1,80 para R$ 3,40. Ainda por cima, a empresa não se compromete com melhorias no transporte e, muito menos, não apresenta proposta de avanço na malha metroviária, que não tem novas linhas desde 2002. São apenas 19 estações, com 37 km de extensão.

Este aumento é anunciado, por orientação do Ministério do Planejamento do governo federal, em um momento crítico no país, que atualmente tem 13,7 milhões de desempregados. O reajuste é mais uma medida contra o trabalhador, que já sofre com os retrocessos do governo de Michel Temer. O aumento atinge também os estudantes, a juventude e população como um todo. Segundo a própria CBTU, em 2017, as roletas do metrô de BH giraram 58,7 milhões de vezes. Se confirmado o aumento, centenas de milhares de usuários, a partir desta sexta-feira, estarão pagando o preço exorbitante.

Fazendo as contas, o usuário que utiliza o metrô 24 dias por mês, entre ida e volta, desembolsa hoje R$ 86,40 e com a nova proposta, o valor gasto será de R$ 163,20 pelo mesmo período. Uma diferença de R$ 76,80 por usuário. Em uma família de quatro membros usuários do transporte metroviário, o aumento será superior a R$ 300 por mês. Não é aceitável que jogue mais este abuso nas costas da juventude, das famílias mais carentes e do trabalhador.

Como é visível, o reajuste tem enorme impacto em grande parte da população, em especial o mais pobres, que através do fator financeiro se estende para outras áreas, como a educação. O reajuste vai aumentar a defasagem escolar de estudantes com menos condições, que dependem do transporte metroviário para chegarem às escolas. Essa situação piora em um ambiente que conta com uma política escassa e ineficiente de passe estudantil. A população, que mais uma vez não foi consultada, vai ter que se desdobrar para continuar se locomovendo, e as opções são péssimas.

O valor da passagem de ônibus em Belo Horizonte ultrapassa R$ 4, sendo ainda mais caro na Região Metropolitana. Ao mesmo tempo, diversas linhas trabalham sem cobrador, função acumulada pelo motorista, o que torna a viagem mais perigosa. Para quem tem condições de possuir carro, a situação também é desanimadora com os seguidos reajustes do combustível, os altos custos de manutenção e os escassos ou caros locais de estacionamento.

Por estes motivos, e pelo metrô ser rápido, menos poluente, com capacidade de atender a uma alta demanda de pessoas e ser mais barato, a malha metroviária que atende Belo Horizonte deve ser ampliada, conectando todas as regiões da capital e alcançando as cidades metropolitanas. A ampliação do metrô e a rejeição ao aumento do bilhete devem ser pautas dos movimentos sociais e políticos mineiros. Para que justiça seja feita. 
 

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