A prisão do ex-presidente Lula na semana passada é o clímax de um enredo previamente traçado pela Operação Lava Jato e seus principais ideólogos. Após o golpe que destituiu a presidenta Dilma, o plano era justamente tornar Lula inelegível e produzir a cena triunfal de sua prisão. A foto não conseguiram, pois o ex-presidente fez uma bonita resistência e a imagem que correu o mundo é dele nos braços do povo. Daqui para frente, resta saber se as forças progressistas conseguirão unir-se em torno de uma ampla frente política para reverter este quadro ou se perderão em disputas menores.
Após a as eleições livres e diretas de 1989, o Brasil viveu, grosso modo, dois períodos distintos de governos. O primeiro foi protagonizado pelo PSDB e com uma forte marca neoliberal e o segundo hegemonizado pelo PT, com fortes traços da presença do Estado e baseado no fortalecimento das políticas sociais. O fim desses dois ciclos divide a opinião dos brasileiros e coloca o Brasil numa encruzilhada histórica. De um lado, a opção de voltar aos anos obscuros do neoliberalismo, do outro, retomar um período de desenvolvimento, de esperanças e prosperidade.
A cena do pronunciamento de Lula em São Bernardo no último sábado é histórica, mas ainda insuficiente para retomar a condução do Brasil para um rumo de soberania, democracia, desenvolvimento e distribuição de renda. Precisamos de mais ações como as que protagonizaram os nove governadores, de vários partidos, que foram até Curitiba. O recado que fica é que a prisão de Lula não diz respeito apenas ao PT ou à esquerda, mas sim aos milhões de brasileiros que tiveram seus sonhos de uma vida melhor sufocados com a sua prisão.
Lula tem no mínimo 36% de intenção de voto, é respeitado em todas as partes do mundo que, aliás, viram sua prisão como um atentado à democracia. Sua liderança e sua amplitude política amedrontam os setores conservadores que precisam impedir sua eleição. Neste momento, mais importante que os nomes colocados para a sucessão presidencial, o desafio é união da esquerda com setores do centro, setores produtivos nacionais, intelectuais, sindicatos, juventudes, compondo uma verdadeira frente ampla, que conduza a um projeto nacional de desenvolvimento, com democracia e distribuição de renda. É essa unidade política e programática que fará o Brasil reencontrar seu rumo.
Em Minas, não podemos encarar esse momento apenas nos limites de nossas fronteiras. Assim como em outros momentos da vida nacional, nossa vocação democrática deve ajudar o Brasil a respirar novamente ares de liberdade. Nosso estado, sob a liderança do governador Fernando Pimentel, poderá produzir nas eleições um grande exemplo para a retomada do destino da nação. Aqui, além dos partidos de esquerda, o governo poderá aglutinar as forças comprometidas com o desenvolvimento do estado. O principal objetivo é evitar que forças do atraso voltem ao poder estadual. Brecar a possível volta do PSDB de Aécio, Anastasia e todos aqueles que quebraram o estado e atentaram contra a democracia.
A vinda de Dilma para Minas reforça essa diretiva. Sua experiência vem somar com importantes lideranças mineiras e poderá ajudar muito o estado e o Brasil. Na atual conjuntura, mais importante que as disputas ao Parlamento, ou o projeto de cada partido isoladamente, devemos buscar a construção de uma verdadeira frente política, unida e comprometida com um modelo de desenvolvimento e progresso social para o estado e a para o país.