O dia delas

07/03/2018 às 20:15.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:45

O mundo comemora hoje o Dia Internacional da Mulher. A data foi instituída no 2º Congresso Internacional de Mulheres Socialistas realizado em 1910, quando Clara Zetkin propôs homenagear as 129 operárias tecelãs que foram queimadas dentro de uma fábrica em Nova Iorque, durante uma greve por melhores condições de trabalho. Décadas depois, a Organização das Nações Unidas oficializou o 8 de março como uma data internacional.

Apesar do esforço dos movimentos de mulheres, no Brasil de hoje há pouco que se comemorar. Vivíamos uma fase de avanços na luta por igualdade, que foi interrompida pelo golpe de 2016. Nos governos de Lula e Dilma, a Secretaria da Mulher ganhou status de Ministério, foi implementado o Plano Nacional de Políticas Públicas para as Mulheres, houve a aprovação e sanção da Lei Maria da Penha e foi destinado um tempo de TV e rádio para as candidatas nas campanhas eleitorais.

Mas veio um golpe no meio do caminho, que além de destituir a primeira presidenta mulher, montou um ministério composto apenas por homens. Depois, impôs um pacote de reformas que atingiu diretamente as mulheres brasileiras. A reforma trabalhista, por exemplo, permitiu que lactantes possam desempenhar atividades insalubres. A Emenda Constitucional 95, que congelou os gastos públicos por 20 anos, ao revogar a Lei de Valorização do Salário Mínimo, prejudicou principalmente as mulheres, que representam 76% desta faixa salarial.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, que analisou um conjunto de 83 nações, nosso país ocupa a quinta posição em número de feminicídios. No mercado de trabalho, a desigualdade salarial entre os gêneros ainda persiste. Apesar de ocupar cerca de 44% das vagas formais de trabalho, homens ainda recebem em média 16% a mais que mulheres. Na esfera política, ocupam menos de 10% das vagas existentes nos espaços de poder, mesmo representando mais da metade do eleitorado brasileiro.

Como forma de resistir aos retrocessos, que aumentam ainda mais a opressão de gênero, uma série de iniciativas estão sendo organizadas pelos movimentos de mulheres. Vale destacar importantes campanhas protagonizadas pela deputada federal Jô Moraes: a primeira chama-se “Tire as Mãos!”, referindo-se à defesa de direitos adquiridos e ameaçados, como soberania nacional, aposentadoria e outros direitos sociais. Refere-se também à defesa do corpo, da paz nas ruas e em casa e da liberdade feminina.

A outra campanha tem como objetivo buscar mais espaços para as mulheres nos espaços de poder e tem como mote: “Agora é que são Elas”. Tem como objetivo aumentar a presença de mulheres nos governos e nos parlamentos, através de efetivas ações dos partidos políticos e fiscalização da justiça eleitoral. Pela sua experiência, Jô Moraes sabe que as mulheres nunca receberam nada de graça. Todas as conquistas foram precedidas de muita luta. Por isso, o 8 de março não é só um dia de comemoração, mas de denúncia e defesa da igualdade de gênero. 


 

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