Aqui é Galo!Paulo Henrique Silva é jornalista do caderno Almanaque e escreve sobre o Atlético

A Volta do Shogun

29/10/2018 às 18:49.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:30
 (Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/Divulgação / N/A

  

Na situação atual, um técnico que ficou conhecido pela alcunha de “Levice”, apesar de ganhar títulos importantes, como a Copa do Brasil pelo Atlético, é tudo que queremos. Um vice-campeonato, um terceiro ou quarto lugar, já será um presente do céu.

Com o Galo correndo o risco de ficar de fora da pré-Libertadores de 2019, após a proximidade do Santos treinado por Cuca na tabela do Campeonato Brasileiro, hoje qualquer degrauzinho a mais será um sinal de alívio para uma temporada tão pífia.

Antigamente era comum dizer que o Atlético nadava, nadava e morria na praia. Chegava bem perto do título e era eliminado nas quartas-de-final e nas semifinais. Neste ano, ao que parece, nem pôs o calção, saindo da Sul-Americana na primeira fase.

Na Copa do Brasil, sofreu para vencer times de pouca expressão e caiu nas oitavas, diante da Chapecoense, que agora briga para sair do descenso à série B. No Brasileiro, não jogou mais depois da Copa do Mundo.

O time perdeu o fôlego e o brilho nos olhos, como bem alertou o novo comandante. Não foi culpa do Thiago Larghi, mas um técnico das antigas como Levir Culpi, identificado com o clube, consegue mexer no emocional do grupo.

Do treinador que comparou Ramon a um vegetal, anos atrás, Culpi voltou do Japão em 2013 como um samurai. Lembro que, para promover um jogo decisivo do Cerezo Ozaka contra o Urawa Reds Diamond, ele chegou a se vestir de Shogun.

Para quem não sabe, Shogun quer dizer ”Grande General Apaziguador dos Exércitos”. No Japão feudal, mandava mais do que os imperadores. E era responsável por manter a unidade política de um país com vários clãs.

O que queremos é a volta de um padrão, se não vencedor, mas de alto nível técnico. O mesmo que pôs o Atlético para disputar cinco Libertadores seguidas, jogando competições simultâneas sem perder o prumo.

O Galo desaprendeu a jogar, sendo aquele time de antes de 2012, inibido e inconstante, sem acreditar no seu potencial. Em sua última passagem pelo Galo, Levir promoveu uma lavagem cerebral nos jogadores, fazendo-os pensarem grande.

Até Carlos achou que sabia jogar. Depois de Levir, o futebol do atacante também foi embora. Eduardo, lembram-se dele?, surgiu como uma volante de classe, refinado. Foi outro que sofreu com a saída do sensei.

Ele soube colocar os medalhões em seu lugar, entre eles Ronaldinho Gaúcho. Disse a Tardelli que poderia contribuir a mais para o time. Fez todos acreditarem novamente, após a eliminação precoce no Mundial de Clubes para o Rajablanca.

Como Jesus diante de Lázaro, Levir se mostrou capaz de ressuscitar o Atlético por várias vezes.  Com a “Selegalo” de 1994, evitou que um transatlântico fosse à pique, conduzindo o grupo para a semifinal do Brasileiro. Em 2001, foi a mesma coisa, novamente semifinalista.

Em 2006, consertou o avião em pleno voo e ficou com o título da série B, voltando oito anos depois com o mesmo propósito: corrigir os erros de seus antecessores e, mais zen após seis temporadas no Oriente, mostrar o caminho das vitórias.

É esse Levir que queremos. Nada mais. O título do Brasileiro é missão impossível, mas se os jogadores voltarem a atuar com vontade e talento e chegarmos a um terceiro, quarto posto, já terão salvado a lavoura, preparando a terra para 2019.

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