Oposição garante que senadores não têm legitimidade para tocar impeachment

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
16/06/2016 às 20:09.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:56

O clima no Congresso azedou ainda mais com os vazamentos da delação premiada de Sérgio Machado, que atinge o presidente interino Michel Temer e integrantes do PMDB, PSDB e PT. A avaliação é que o parlamento pode entrar novamente em paralisia.

Ontem, parlamentares questionavam a viabilidade de aprovação de projetos considerados prioritários pelo governo, como os de cunho fiscal, sem que alterações e resistências sejam colocadas pelos deputados. “Essa semana foi uma pasmaceira. A tendência é que a próxima seja também”, diz um parlamentar, sobre o andamento de projetos.

“Mesmo as medidas mais simples têm que passar com mudanças, como a lei das empresas estatais. Imagina quando chegar o pacote fiscal? O governo dá sinais de que não consegue governar”, critica o deputado federal José Geraldo (PT-BA).

A oposição segue martelando que os senadores não têm legitimidade para conduzir o processo de impeachment de Dilma Rousseff, já que grandes nomes do PMDB, como os senadores Edison Lobão, Romero Jucá e presidente da Casa, Renan Calheiros foram citados na “Lava Jato”.

“O clima é de apreensão geral. O grau de envolvimento do PMDB na ‘Lava Jato’ é grande. Isso termina criando um clima de indecisão aos projetos do governo. A delação do Machado vai atrapalhar ainda mais”, afirma o senador João Capiberibe (PSB-AP).

A possibilidade de impeachment do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, levantada por Calheiros, reforçaria a fragilidade institucional na qual o Senado se encontra, avaliam os parlamentares. “Caminha-se para uma crise no Senado”, diz Capiberibe.

Aliados do governo, no entanto, garantem que o pior momento já teria passado. A delação de Sérgio Machado, garantem, seria de menor gravidade que a eventual prisão de Calheiros, Jucá e do ex-presidente José Sarney, solicitada pela PGR, e negada pelo Supremo Tribunal Federal.

“Talvez, naquele momento, se houvesse as prisões, a gente mergulharia numa crise”, diz um deputado federal do PSDB que reconhece, no entanto, ser difícil o Senado engrenar alguma discussão de governo enquanto a tramitação do processo do impeachment de Dilma não acabar.

Na Câmara, a esperança de alguns deputados é que com a cassação do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os projetos estratégicos possam voltar a tramitar. “É um alívio na Câmara a cassação do Cunha e a eleição de um novo presidente”, diz o deputado do PSDB. No entanto, a queda de Cunha, somada à escolha do novo presidente, pode se arrastar pelo menos até agosto.

A avaliação dos oposicionistas, no entanto, é de que a insegurança no Congresso pode piorar nos próximos meses, com a possível delação premiada de membros da construtora Odebrecht, que atingiria novamente PT, PMDB e PSDB.

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