Café mineiro, padrão holandês: selo estadual conferido a produtores tem equivalência internacional

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
25/06/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:13
 (Seapa/Divulgação)

(Seapa/Divulgação)

Um dos produtos mais prestigiados do Estado, o café mineiro está ganhando mais destaque e competitividade no mercado internacional. O motivo é a equivalência de um selo estadual a um programa de certificação mundial.

Produtores do grão que conquistam a chancela local são automaticamente certificados pela holandesa UTZ. Até o fim do ano, 1.600 cafeicultores devem receber o atestado e engordar a lista de mineiros que passam pelo crivo da sustentabilidade.

Criado há nove anos, o Certifica Minas Café tem como principal objetivo a implantação de boas práticas sociais e ambientais nas propriedades cafeeiras do Estado. Graças ao processo de equivalência com o mundialmente conhecido UTZ Certified, conferido a produtores de café, cacau e chá, quem produz aqui tem mais chance de vender e lucrar por lá.

“As certificações são um diferencial. Além da vantagem financeira, já que os importadores pagam ágio de até 10%, temos a oportunidade de firmar nosso nome no mercado internacional. Em certa medida, é como um marketing próprio”, avalia o cafeicultor Mauro Grossi, que produz grãos em Imbé de Minas e Piedade de Caratinga, ambas no Leste do Estado. Praticamente toda a produção do café arábica vai para o mercado estrangeiro.

Gerente de Certificação do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) – órgão responsável pela emissão do selo mineiro, em parceria com Epamig e Emater-MG –, Rogério Fernandes ressalta que apesar de voluntária, a adesão ao certificado é fundamental para garantir melhorias na gestão e conferir eficiência organizacional às propriedades. 

O café é o principal produto da pauta de exportações do agronegócio mineiro, respondendo por 47% das vendas para o mercado externo; em 2016, as remessas internacionais somaram R$ 10,3 milhões; em relação aos demais setores da economia, o grão ocupa terceiro lugar, perdendo para as exportações de minério e produtos metalúrgicos

“Além de responsabilidade social e ambiental, os produtores passam a ter a propriedade na ponta do lápis, deixam de tratá-la como fazenda e passam a vê-la como uma empresa”, detalha. Todos os cafeicultores certificados têm garantia de assistência técnica pelos órgãos ligados à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Para receber o Certifica Minas Café e, automaticamente, o UTZ Certified, é preciso passar por uma auditoria feita na propriedade. O processo, que dura cerca de dois meses, inclui desde a avaliação das instalações ao cumprimento de regras socioambientais. Divulgação

Equivalência entre os selos estadual (esquerda) e holandês aumenta competitividade do produto mineiro

Minas é o maior produtor de café do mundo, respondendo, ainda, por cerca de 55% da produção nacional do grão. As principais espécies plantadas no Estado são o café arábica – cerca de 98% – e o conilon, utilizado, principalmente, na fabricação de cafés solúveis. 

Assessor especial de café da Emater-MG, Niwton Moraes diz que, além do processo produtivo, o clima de Minas é determinante para a qualidade do produto fabricado no Estado, a maioria dele voltada para o mercado internacional. “Temperaturas baixas combinadas a diferentes tipos de incidência solar e altas altitudes conferem aromas e sabores diferenciados”, explica.

Varredura do parque cafeeiro está 80% concluída

Oitenta por cento da área plantada de café em Minas está mapeada. A expectativa é a de que a varredura do parque cafeeiro do Estado, o maior produtor mundial do grão, seja concluída nos próximos quatro meses. A análise de campo das áreas já cobertas via georreferenciamento começa ainda este mês.

O raio-x integra um mapeamento inédito realizado pela Emater-MG em parceria com a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado (Epamig) e Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). 

O objetivo é desvendar, com a ajuda de imagens de satélite, toda a área coberta em Minas pelo grão. Até o momento, foram concluídos os trabalhos nos municípios do Sul e das regiões de cerrado. Nos próximos nove meses, o trabalho será encerrado em todos os municípios que respondem pela produção de café no Estado – 465 no total. Seapa/Divulgação

Sul de Minas, Cerrado e Zona da Mata são as três regiões principais em produção de café no estado

“O levantamento nos permitirá melhor aferição da estimativa e da produtividade do grão em Minas para termos estimativas mais próximas da realidade”, avalia o coordenador-técnico estadual da Emater-MG e gestor do projeto, Edson Sipini Logato. 

O mapeamento do parque cafeeiro também prevê o desenvolvimento de metodologias para investigar a produtividade e o custo de produção em cada região. Nesse caso, serão feitas parcerias com universidades e com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Em outubro, durante a Semana Internacional do Café, realizada em Belo Horizonte, serão apresentados os resultados preliminares do estudo e realizado o pré-lançamento de um geoportal destinado ao agronegócio mineiro.

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