Cimento queimado vai bem com tudo: de paredes e bancadas a pisos

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
04/04/2018 às 10:35.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:10
 (Fotos Pinterest e Gustavo Xavier)

(Fotos Pinterest e Gustavo Xavier)

Originalmente usado como opção rústica e menos trabalhosa de piso, o cimento queimado caiu no gosto popular e, rapidamente, virou o queridinho da decoração moderna. Recriado em forma de textura pronta, vendida em latas, o material, que tem bom custo-benefício em relação a outros tipos de revestimento, como mármore e porcelanato, deixou o segundo plano para virar protagonista em paredes de variados ambientes. 

Um dos pontos positivos do material, que tem uma pitada de sofisticação e modernidade, é a facilidade com que cai bem em locais modernos, arrojados, clássicos ou até mesmo mais despojados. O motivo, avalia a arquiteta Nina Abadjieff, é o poder transformador e o fato de ser um verdadeiro curinga, que chama a atenção sem roubar a cena.

“Não existe regra para usá-lo. E no caso das texturas (tintas que reproduzem o aspecto do cimento original), além de possibilitarem o uso de cores diferentes, e não só do cinza, podem dar um toque moderno e suave sem brigar com uma decoração clássica, por exemplo”, explica.
A dica da profissional é ficar de olho nas composições e, principalmente, nas combinações de cor. Se o ambiente já tiver cinza demais – o pretinho básico da decoração –, por exemplo, a melhor receita é priorizar a mistura e o degradê, evitando a monotonia. Também vale apostar em pontos de cor nas paredes e em objetos decorativos, orienta Nina. 

“Num ambiente clássico, recomendo tons mais claros e uma textura mais uniforme, que dá um toque moderno e suave, valorizando o estilo. Também é permitido brincar com tonalidades semelhantes, criando uma ideia de continuidade e harmonia em todo o espaço”, ensina.

Novo branco

O arquiteto Júnior Piacesi ressalta ainda a versatilidade do material, que chama de “novo branco” da decoração. O motivo é que apesar de ter textura bastante particular, irregular e uma identidade rústica, ele não fica pesado quando colocado ao lado de materiais e composições mais nobres. 
“O cimento queimado e suas diferentes variações combinam com tudo. É um material muito versátil, que pode ser usado com madeira, mármore, em pisos, paredes e até em móveis”, justifica o profissional de Belo Horizonte. 

Quem optar por usá-lo da maneira mais, digamos, primitiva, ou seja, no piso, tem sinal verde, desde que redobre a atenção no momento de instalá-lo. “O cimento queimado nada mais é do que uma nata aplicada no momento em que se executa o contrapiso. Nesse processo é importante colocar juntas de dilatação, evitando que o material quebre. Por ser um produto muito artesanal (o original e não o industrializado), pode ser que haja trincas, o que é supernormal”, reforça o arquiteta.

Ponto a ponto:

- Apesar de ter se popularizado da maneira convencional, feito da mistura entre argamassa e areia e usado principalmente como piso, o cimento queimado ganhou o mercado e conquistou variações e efeitos. Pioneira na reprodução do estilo no Brasil, a Suvinil, por exemplo, comercializa tintas com efeito marmorizado, que reproduz não só o próprio cimento como a aparência de madeira e até de bambu. A italiana Novacolor também entrou na onda ao fabricar texturas que imitam a aparência do material, rústico e imperfeito.

- A dica do arquiteto Júnior Piacesi é ficar de olho no material para ter certeza de que irá alcançar o efeito desejado. “Existem vários produtos que reproduzem a aparência do cimento original. Além das tintas e texturas, há piso vinílico, porcelanatos e até carpetes. No caso da tinta, é preciso aplicar com uma espátula fininha para ter esse aspecto rústico”, ensina.

- Nina Abadjieff chama a atenção para a segurança no uso. Por se tratar de uma superfície que fica bastante lisa, é bom evitar a aplicação da textura em locais que recebam água constantemente, como banheiro e cozinha – quando usados no piso. Fora isso, está liberado o uso em paredes inteiras, detalhes e até em bancadas. Para os quartos, a dica é fazer um mix de materiais, com mistura de cimento e madeira para proporcionar mais aconchego e sofisticação.

Confira dicas de como usá-lo em casa:Pinterest/Divulgação

Tom sobre tom 
Material usado na parede do quarto com decoração clássica e cores neutras pouco contrastantes confere sofisticação ao ambiente; cinza mais claro e textura fina “conversam” bem com a cabeceira da cama e com os acessóriosPinterest/Divulgação

Cinza em tudo 
Problema nenhum se a casa tiver vários elementos no mesmo tom da parede. 
Basta escolher nuances mais contrastantes para alcançar o objetivo desejado. Neste ambiente, sofá e mesa de canto são mais clarosGustavo Xavier/DivulgaçãoHigh Tech 
Apesar de o material remeter à rusticidade e, por este motivo, ser geralmente usado em ambientes mais descontraídos, dá para utilizá-lo em decorações modernas e até tecnológicas, como a desse apartamentoPinterest/DivulgaçãoChique e descomplicado 
Luz de LED colocada sobre a parede escolhida para ganhar a textura fez toda 
a diferença. Ambiente ficou ainda mais sofisticado com o cuidado especial dado 
à pequena parede, que virou ponto de atenção da salaPinterest/Divulgação

Mix de cores 
Dá para quebrar a monotonia do cinza apostando em acessórios e móveis coloridos que criam ambientes mais descontraídos e despojados. Contraste entre os tons da parede e do sofá faz toda a diferença no conjunto desta salaPinterest/DivulgaçãoNo chão
Originalmente usado em pisos, o cimento queimado amplia os ambientes. Vale uma atenção maior na hora de assentar o material, que pode apresentar trincas ou rachaduras com o passar do tempo

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por