Coma com os olhos: visual do prato também ajuda (e muito!) a atiçar o paladar

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
25/08/2017 às 15:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:15
 (Fernanda Carvalho)

(Fernanda Carvalho)

Segredo nenhum que comida boa de verdade é aquela que arranca suspiros quando entra em contato com a boca. Alto lá! Há quem aposte tão ou até mais alto na apresentação que chega à mesa do cliente (ou dos amigos, se o serviço for realizado em casa). Afinal, como diz o ditado: a primeira impressão é a que fica. 

Autêntico mineiro, formado numa escola de gastronomia de Roma, na Itália, o chef de cozinha belo-horizontino Thiago Chiericatti vem (literalmente) atraindo olhares por onde passa, seja nas redes sociais, seja na cozinha da vida real, no restaurante onde é sócio, o Su Casa, no Sion, Zona Sul de BH. 

Mais do que cozinhar pratos de comer de joelhos, a maioria deles autorais e que conjugam a simplicidade de ingredientes brasileiros à sofisticação dos importados, ele prova que, sim, é possível, e preciso, agradar também o olhar. Fernanda Carvalho

Formado em uma escola de gastronomia em Roma, na Itália, belo-horizontino Thiago Chiericatti tornou-se um expert em finalizar pratos: “vejo a louça como uma tela”

Segundo o chef, um especialista em food art ou food design, um bom empratamento é mais de meio caminho andado para conquistar, depois, o paladar.

“Costumo brincar que as pessoas levam tanto tempo fotografando os pratos aqui (restaurante) que a comida esfria”, revela, sem falsa modéstia, enquanto apresenta à reportagem cinco obras-primas minuciosamente concebidas por ele. 

Se reproduzi-las em casa é difícil? “Não”, é enfático. “Todo mundo pode aprender e aperfeiçoar. Não gostou? Faz de novo. Não tem segredo. A prática é que leva à perfeição”, afirma o cozinheiro de 30 anos, dez deles dedicados à gastronomia. Fernanda Carvalho

1. torresmo de barriga com cebola braseada, couve e barbecue de goiabada; 2. ceviche com salmão, tilápia, camarão, ora-pro-nóbis, pimenta biquinho e limão galego; 3. salmão com ervilhas, alho poró e espuma de limão

Passo a passo

A dica número um é encarar a louça – item primordial na hora de idealizar um prato – como uma tela em branco. Importante frisar que ela não precisa, necessariamente, ser branca para que os ingredientes se destaquem. 

O chef de cozinha, que é também consultor e palestrante, não revela 100% das técnicas que usa para elaborar as próprias artes – afinal, todo cozinheiro tem sempre uma carta na manga. Ele dá, no entanto, um aperitivo para quem deseja se tornar expert no assunto. 

“É claro que depois de pronto ninguém vai desfazer o empratamento. Ideal é testar antes com os ingredientes crus, por exemplo”, ensina. O chef revela, ainda, que costuma fazer o movimento inverso da maioria dos colegas de forno e fogão. “Primeiro penso no empratamento, depois parto para a execução”, diz. 

Valorizar a harmonia dos elementos que irão no preparo também é essencial. No caso do chef de BH, a delicadeza é marca registrada. Prepare-se para imagens de hipnotizar e dar água na boca. Bon appetit!Fernanda Carvalho

1. Tilápia em crosta de parmesão, com purê de três batatas (baroa, inglesa e doce) e espuma de limão; 2. bife com cebolas na brasa, redução de catuaba e creme de alho

Além disso:

Veterano em renomados restaurantes de Belo Horizonte, o chef Leo Paixão, à frente do Glouton, no bairro de Lourdes, há quase cinco anos, tem como marca registrada a preocupação em “encantar não só paladar, mas os olhos e a alma dos clientes”, como ele mesmo diz. Em cada prato assinado, verdadeiras obras de arte da cozinha mineira contemporânea, que sobressaem, é verdade, mais pelo sabor, mas que não deixam a desejar pela beleza e respeito com que os ingredientes são tratados.  

“Uma das formas de se expressar na gastronomia é através da forma. Então, na realidade, a maneira com que se monta um prato diz muito sobre o tipo de comida que se deseja fazer. É uma mensagem que passamos ao cliente”, explica Paixão. Para ele, no entanto, a apresentação, apesar de ter grande importância e de caminhar lado a lado com o sabor do prato, é um capítulo secundário. “Não existe prato bonito que vença prato gostoso. Noventa e cinco por cento da minha energia está concentrada em criar sabor, aroma e texturas”, reforça.Jo Moreira/Divulgaçãocom compota de maçã-verde e chips de maçã. Pratos do chef Leo Paixão, do Glouton

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