Disputas passadas: Sede da Copa 2018, Moscou está repleta de museus que celebram feitos da nação

Frederico Ribeiro
fmachado@hojeemdia.com.br
22/07/2018 às 08:31.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:32
 (Frederico Ribeiro)

(Frederico Ribeiro)

Quando o goleiro Hugo Lloris ergueu a taça da Copa do Mundo em Moscou, a França conquistava, mesmo que simbolicamente, a Rússia. 

A cena do título mundial dos europeus percorreu o mundo e estava dotada de sentidos irônicos, que remetem a um passado retratado com riqueza e orgulho na terra do futebol em 2018, principalmente através de museus. 

Assim, se o bicampeonato da França na Copa foi celebrado, como de praxe, no Arco do Triunfo em Paris (monumento erguido pelas conquistas do Exército de Napoleão), não deixa de ser curioso que Moscou também possuí seu próprio Arco do Triunfo, mas com sentido inverso: o equipamento público é a homenagem à batalha que fez o ex-imperador francês cair do cavalo pela primeira vez.

Tais recortes da história são fartamente celebrados pelos russos, em pontos importantes da capital. 

Perto da Praça Vermelha, símbolo máximo da cidade, há o Museu da Guerra Patriótica de 1812, quando Alexandre I, imperador da Rússia, fez Napoleão voltar derrotado para Paris diante da tática de guerra “terra arrasada” no rigoroso inverno moscovita.

Quando a URSS fez Hitler recuar derrotado na Segunda Guerra Mundial, após a Batalha de Stalingrado (cidade renomeada para Volgogrado e que foi uma das 11 sedes da Copa), tal conflito venceu a luta contra Napoleão em importância e orgulho, herdando a nomenclatura “Guerra Patriótica” para si

Bem em frente ao Arco do Triunfo de Moscou, os 740 km² do Parque da Vitória (Park Pobedy) é dedicado somente para homenagens aos russos que derrotaram a Alemanha Nazista há 70 anos. 

Já o Museu da Vitória, com seus quatro andares de exposição, simulação de casas bombardeadas, uniformes dos exércitos beligerantes, documentos e fotos da época se torna parada obrigatória para emergir no orgulho nacional do país, tão presente nos jogos do Mundial.

“É uma valorização da história que impressiona. Tudo é pensado com riqueza de detalhes. Não é nem preciso entrar no museu para sentir uma época tão diferente. Só de caminhar neste imenso parque já é possível perceber que este lugar é especial por aqui”, disse a brasileira Ana Guedes, uma das centenas de turistas em visita ao Museu da Segunda Guerra, atraída também pelo preço promocional da entrada aos torcedores credenciados pela Fifa.

MAIS OPÇÕES

Durante a Copa do Mundo, de forma temporária, a Fifa também montou um pequeno museu da competição na rua mais comercial de Moscou –New Arbat. Na exposição, o goleiro soviético Lev Yashin virou a grande atração, ao lado de Maradona, Pelé e a taça Jules Rimet. O que não vai sair do mapa turístico da capital são os tradicionais redutos da Praça Vermelha, com o Palácio do Arsenal do Kremilin–onde se encontra um autêntico Ovo Fabergé–o Museu do Estado e a Catedral de São Basílico. Numa região afastada, é possível conhecer a história da vodka e também do chocolate no extravagante mercado de pulgas da região de Izmailovo.

Homenagens que servem como recordações de quando o céu não foi o limite

Ao longe, Vladimir Lenin avista o foguete disparar rumo à estratosfera. Uma das milhares de representações do líder da Revolução Russa em Moscou está aos pés do Monumento aos Conquistadores do Espaço. É a junção de dois dos maiores símbolos da Rússia e seu passado soviético.

No subsolo da escultura, há o Museu dos Cosmonautas. Durante Guerra Fria, a URSS venceu os EUA no início da tomada do universo espacial. Mesmo com as homenagens à cachorra Laika, o local é quase um santuário para Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço. A nave onde o herói russo viu o azul terráqueo–Vostok 1–é a principal atração, ao lado da representação do Sputinik, o primeiro objeto que o homem conseguiu colocar em órbita.

A exploração do local coloca Gagarin e Lenin sob o mesmo quadro, literalmente. Num corredor, é lembrado como as descobertas cosmonáuticas da URSS serviram para intensificar a propaganda do regime comunista que durou até 1991. Apesar da grande rivalidade com os EUA, há homenagens à missões espaciais feitas com a cooperação das duas potências– como a missão Apollo-Soyuz de 1972.

Até mesmo a bandeira do Brasil está presente nas redomas de vidro, graças ao astronauta Marcos Pontes, até hoje o único brasileiro a pisar no espaço, e justo numa tripulação russo-americana.

Saiba Mais

A CâmeraSete – Casa de Fotografia de Minas Gerais recebe, a partir do dia 27 deste mês até outubro, a exposição “A União Soviética Através da Câmera”, um recorte de 120 imagens em preto e branco realizadas entre os anos 1953 e 1991 na antiga URSS. Através do olhar de diferentes fotógrafos russos é possível fazer uma viagem à cultura da União Soviética. 

Apresentada pela primeira vez em Belo Horizonte, a mostra conta com fotografias de Vladimir Lagrange, Leonid Lazarev, Vladimir Bogdanov, Yuri Krivonossov, Victor Akhlomov e Antanas Sutkus. Os registros abordam temas como educação, saúde, esporte, moda, juventude, cultura, ciência e indústria, do período histórico que tem início em 1953 e termina em 1991. Segundo o curador Luiz Carvalho, a exposição proporciona ao público uma oportunidade de conhecer mais sobre o país. “O que chegava de informação objetiva no Brasil sobre a União Soviética era muito pouco e a maioria das informações eram bastante distorcidas”. A Casa da Fotografia de Minas Gerais fica na Av. Afonso Pena, 737, Centro.

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