Divertidos e cheinhos de saúde: decoração estimula crianças a se alimentar bem

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
01/04/2018 às 06:00.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:04
 (Fotos Pinterest/Divulgação)

(Fotos Pinterest/Divulgação)

Se é verdade que comemos com os olhos, quando o assunto é comida não basta concentrar esforços para garantir sabor aos pratos, ainda mais quando as crianças são a “clientela”. Pouco afeitas a legumes e verduras e quase sempre dispostas a torcer o nariz para novos paladares, elas podem ser fisgadas de forma lúdica, transformando um rico cardápio em gostosa brincadeira de comer. Afinal, beleza não põe mesa, mas abre o apetite, diz outro dito popular. Raphaella Cordeiro/Divulgação / N/A

Fartura no jardim: criação da nutricionista Raphaella Cordeiro tem alface, tomate, ovo de codorna e azeitona; faça pintinhas no cogumelo usando requeijão light

A dica ao servir os pequenos – dos 6 meses aos 5 anos, principalmente – é caprichar na combinação dos ingredientes. Criatividade e paciência fazem parte do combo. “Quem não gosta de um prato bonito? Todos os sentidos podem ser usados antes de uma refeição, já que somos sensoriais”, reforça a nutricionista Raphaella Cordeiro. 

Segundo ela, a “isca” do prato bonito e divertido, com carinhas engraçadas ou personagens de filmes e desenhos, ajuda crianças com mais dificuldade a se interessar pelos alimentos, arriscando novidades e sabores desconhecidos, mas essenciais para criar bons hábitos e estabelecer uma rotina saudável. Vale ressaltar a importância de variar também a decoração. Bom termômetro é ficar de olho nas cores que vão no prato. Quanto mais, melhor!Pinterest/Divulgação

Fuja do tradicional: incremente o arroz com feijão construindo um palhacinho com folhas, verduras e frango desfiado

Crianças têm necessidades nutricionais maiores que as dos adultos; por isso, equilíbrio e variedade são fundamentais, até mesmo para criar o hábito de uma boa refeição

Livre demanda

Controlar porções, nessa fase, não é regra de ouro, já que, a menos que a criança tenha algum problema metabólico, como obesidade ou doença associada, importa mais a livre demanda e não a quantidade. 

“Até os 5 anos completos, não é tão importante se preocupar com porções, desde que haja necessidade específica para isso. Do contrário, eles podem comer o quanto quiserem, pois sabem do que necessitam. Não há necessidade do famoso ‘só mais uma colherada’”, orienta a nutricionista infantil Marcella Romanelli, da Bem Me Quer Clínica de Pediatria e Especialidades. 

Isso não significa, porém, sinal verde para abarrotar o prato da criançada de guloseimas e industrializados. Bom lembrar que a máxima da quantidade livre só vale para comida de verdade, isto é, arroz, feijão, carne, verduras, legumes e frutas. Raphaella Cordeiro/Divulgação

Borboleta de fruta: junte banana, kiwi, morango e uva passa para facilitar o consumo em um lanchinho pra lá de saudável

Ao pensar numa preparação e na montagem, siga a recomendação de Marcella: coloque ao menos cinco cores no prato e obedeça à lógica da pirâmide alimentar, partindo da base em direção ao topo. Comece por uma porção de carboidrato (arroz ou macarrão, por exemplo), inclua legumes e verduras, depois as leguminosas (feijão, ervilha ou grão de bico) e finalize com a carne. 

Quanto aos integrais, Letícia Oliveira, da Nutrini-ños, lembra que é permitido incluí-los se a família já tiver o hábito do consumo. “Não precisa ser regra. Pode oferecer arroz branco também. A vantagem do integral é que promove mais saciedade e, às vezes, a criança come menos. O ideal, porém, é que ela conheça tudo”, reforça. Pinterest/Divulgação

Refeição equilibrada: arroz, feijão, alface, brócolis, cenoura e repolho remetem ao fundo do mar e tornam almoço mais divertido

Variação de texturas e temperos é sempre bem-vinda

Nutricionista materno-infantil, proprietária da Nutrininõs, em BH, Letícia Oliveira lembra que mais do que oferecer pratos coloridos e bonitos aos pequenos é importante levar em conta as diferentes texturas e apresentações de um mesmo ingrediente. A ideia é estimular o consumo, independentemente da forma como são servidos.

“Crianças são guiadas pelo lúdico e estão o tempo todo descobrindo algo. Se um dia a cenoura foi ralada, no outro, apresente-a como um purê ou cortada em palito. Experimente também um suflê ou simplesmente cozida. A ideia é ignorar a monotonia e propor mudanças que incentivem a experimentação”, detalha.

A profissional recomenda ainda o uso de temperos naturais, que dão toque especial em qualquer receita. Orégano, manjericão, cebolinha, salsinha, alecrim, azeite extravirgem e limão estão na lista dos liberados. No prato de crianças com até 2 anos, no entanto, é bom evitar industrializados, como caldo de legumes e corantes, e os açúcares. Pé no freio também com sabores muito marcantes e picantes, como os do gengibre, do açafrão, da pimenta e do curry, que podem gerar desconforto gástrico. Pinterest/Divulgação

Para sustentar: palmito e tomate partidos ao meio formam o corpo, rosto leva pão e azeitona e cabelinho é feito de macarronada

Quanto às frutas, estão todas liberadas. Ao oferecer morango, porém, prefira os orgânicos, mais nutritivos. Com kiwi e carambola vale a moderação e evitar consumi-los em jejum.


Além disso:

Até os 2 anos, a recomendação é não oferecer alimentos com açúcar ou adoçados às crianças. O motivo, explica a nutricionista Letícia Oliveira, é que a substância, além de viciar o paladar, aumenta chances de desenvolver doenças como obesidade, diabetes e até Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Pinterest/Divulgação

Proteína saudável: transformado em pintinho, ovo fica mais atraente; olhos são semente de chia, o bico, um pedacinho de damasco

“Todo mundo precisa gostar de todos os sabores, portanto, não é aconselhável adoçar alimentos azedos nem amargos, por exemplo. Além disso, as papilas gustativas, nessa idade, estão em fase de lapidação, estão sendo construídas e, por causa disso, todos os alimentos devem ser apreciados”, justifica. 


Marcena Romanelli, da Bem Me Quer Clínica de Pediatria e Especialidades, alerta, ainda, para os riscos do consumo elevado de sódio e gordura e para a iniciação, desde cedo, de alimentos dietéticos, light ou integrais. “A criança acaba numa restrição alimentar desnecessária. O ideal é fornecer tudo, mas em equilíbrio. Pais não precisam privá-los de nada”.Pinterest/Divulgação

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Da nutricionista materno-infantil, Letícia Oliveira

Biscoito de queijo e chia

Ingredientes:

1 xícara de farinha de trigo integral
1 xícara de queijo minas padrão ralado
Mais ou menos 3 colheres de sopa de água fria
2 e ½ colher (sopa) de manteiga em temperatura ambiente
1 colher (sopa) de chia
1 colher (café) de sal
 
Modo de preparo:

Em uma tigela misture a farinha com o sal, a chia, o queijo. Adicione a manteiga e misture com as mãos bem limpas. Fica um farofinha. 

Adicionar a água aos poucos até dar o ponto de massa. Amassar bem até ficar homogênea e desgrudar das mãos.

Cobrir e deixar descansar na geladeira por 30 minutos. 
Abrir bem fininha com a ajuda de um rolo de macarrão, cortar com cortadores de biscoito em formatos divertidos. 

Colocar em uma forma antiaderente e assar em forno médio por 5 minutinhos ou até dar uma leve dourada. 
Cuidado pois a massa é muito fina e fácil de queimar.
 
Pão de queijo colorido

Ingredientes:

2 inhames grandes (em purê)
1 ½ xícara de chá de polvilho doce
1 xícara de chá de polvilho azedo
½ xícara de chá de óleo de girassol ou azeite extravirgem
50g de queijo parmesão
Sal a gosto

Modo de preparo:

Misture todos ingredientes secos, inclusive o sal. Acrescente o óleo ou azeite aos poucos, formando uma farofa. 

Por último, adicione o purê de inhame devagar, até que se forme uma massa uniforme que não grude nas mãos. 
Faça bolinhas com esta massa e disponha numa assadeira previamente untada com um fio azeite. Asse a 200ºC por 30-40 minutos.

Notas:

  • Pré-aqueça o forno por 10 minutos a 200ºC;
  • A massa crua pode ser refrigerada (por até 3 dias) e/ou congelada (por 15 dias), retirada um pouco antes de formar as bolinhas e assar;
  • O purê de inhame pode ser substituído pelo de abóbora, de beterraba ou por espinafre cozido e batido no liquidificador com um pouquinho da água do cozimento

Rendimento: 30 unidades pequenas

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