DNA campeão: Minas é líder nacional no uso de biotecnologia em reprodução de cavalos

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
22/06/2017 às 17:51.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:12
 (Roberto Pinheiro/Divulgação)

(Roberto Pinheiro/Divulgação)

Terceiro maior rebanho de cavalos do mundo, o Brasil é vice-campeão mundial em uso de biotecnologia aplicada à reprodução de equinos. E Minas Gerais, dona do maior plantel do país, é também a principal “fábrica” nacional quando o assunto é a multiplicação do DNA de animais de alto desempenho e muito cobiçados. 

Voltadas, principalmente, para a reprodução de exemplares campeões, como éguas premiadas e cavalos geneticamente superiores, cujo material genético é valorizado e os filhos têm grande aceitação no mercado, as técnicas vão de inseminação artificial – presente em quase 100% dos criatórios brasileiros – a congelamento de sêmen. 

“Guardadas as devidas proporções entre métodos voltados para reprodução humana, com certeza estamos bem evoluídos. Temos aprimorado técnicas, sobretudo que prezam pelo bem-estar animal”, destaca a veterinária Carina Caliman, especialista em reprodução equina.

Para se ter uma ideia, pela monta natural (método tradicional de cruzamento, cada égua consegue gerar, em média, 15 a 18 potros ao longo da vida. As gestações duram 11 meses. Com o uso de modernas biotécnicas de reprodução, por sua vez, que permitem, por exemplo, o uso de barriga de aluguel (na transferência de embrião) e a fertilização de mais de uma fêmea com sêmen coletado de uma única vez em um garanhão (quando o material é congelado), esse número aumenta em até cinco vezes.

Indicação

A transferência de embrião é recomendada também para éguas atletas que não podem ficar prenhes, em função das competições. Por esse método, o embrião é retirado do útero da doadora e transferido para o da receptora, que gera a cria. A inseminação, por sua vez, é indicada para melhorar as taxas de fertilidade nos haras e potencializar o aproveitamento do sêmen dos garanhões. 

“As biotécnicas têm custo-benefício comprovado. Além de acelerarem o processo de seleção, geram produtos de valor comercial muito superior”, destaca o veterinário Haroldo Vargas, especialista em reprodução de equinos e membro da equipe Horses Vet Service. Ele destaca, porém, a necessidade de profissionais experientes e de estrutura adequada. 

Os custos dos métodos não são altos quando comparados aos tratamentos humanos. “Enquanto uma fertilização in vitro gira em torno de R$ 30 mil, mesmo não se obtendo êxito na gravidez, veterinários, em geral, recebem até dez vezes menos e somente quando a prenhez é confirmada”, detalha a veterinária Lívia Araújo, consultora técnica da Botupharma, empresa paulista referência mundial em biotecnologia da reprodução. 

Para se obter sucesso, é preciso, além de cuidado com o material coletado, atenção ao bem-estar do animal. “Cavalos são supersensíveis e quaisquer mudanças, como no local de manejo ou alimentação, interferem no resultado”, explica a especialista Rosemeire Vianna. 

As técnicas são realizadas em centrais – fazendas onde estão instalados laboratórios que obedecem regras rígidas de higiene para manipulação de sêmen e embrião.

de éguas tecnicamente excepcionais é financeiramente lucrativo, mas é preciso respeitar o animal e não fazer dele uma máquina de procriar”, Rosemeire Alvarenga Vianna - veterinária especialista em clínica e reprodução equina

cado de cavalos emprega mais que indústria automobilística

Negócio de cifras bilionárias, no Brasil o mercado de cavalos emprega mais do que a indústria de carros. No ano passado, enquanto o setor automobilístico gerou 1,3 milhão de empregos, conforme dados do segmento, o de equinos ofertou vagas para 3 milhões de brasileiros. As estimativas são da Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM).

Raça genuinamente mineira, representada em sua maioria por criadores que vivem no Estado, o Marchador não sentiu os reflexos da crise. Segundo o presidente da associação, Daniel Borja, só há o que comemorar. “O mercado de equinos cresceu 10% em 2016 e movimenta, anualmente, R$ 16,5 bilhões, gerando 610 mil empregos diretos e sendo responsável por 3 milhões de postos de trabalho”, destaca. 

 Júlio Oliveira/Divulgação

Vitrine da raça no país, exposição nacional, no Parque da Gameleira, deve receber mais de 200 mil visitantes

Considerada uma raça de cavalgada, o Mangalarga Marchador é atrativo e tanto para quem deseja ter um animal voltado para o lazer. “A maior demanda é para cavalgada, esse é o grande atrativo. Junto disso vêm as exposições, leilões, transferência de embriões”, completa o presidente da ABCCMM.

Prova disso é a megaexposição nacional que acontece anualmente na capital mineira e reuniu, somente em 2016, mais de 200 mil visitantes. Programada para o período de 18 a 29 de julho, a 36ª Exposição Nacional do Cavalo Mangalarga Marchador deve bater recorde de público e reunir mais de 1.800 animais de criadores do país inteiro neste ano.

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