Ritual pela prosperidade: Semana da Mãe Divina convida ao desapego para abrir inúmeros caminhos

Patrícia Santos Dumont
pdumont@hojeemdia.com.br
01/09/2017 às 23:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:23
 (Diulgação)

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Um ritual de limpeza e purificação do corpo e da mente que é um verdadeiro exercício de desapego. A semana de devoção à Mãe Divina começa dias antes, em casa. É preciso arrumar gavetas, organizar o guarda-roupa, limpar o ambiente. A faxina que abre espaço para o novo ajuda a direcionar a consciência para o objetivo principal da celebração, realizada há 39 anos em Belo Horizonte pela yogueterapeuta e reiki master Maria José Marinho: deixar para trás sentimentos limitadores da felicidade, como raiva, mágoa e medo. 

Conhecida na Índia como a Festa das Mil Luzes, a jornada rumo ao crescimento espiritual usa o caminho dos sete vales como referência: autoconhecimento, arrependimento, desejo, apego, mente e ego, inconsciente pessoal, inconsciente coletivo, perseverança e fé. 

A cada dia, um vale é tema de meditações, orações individuais e coletivas, bem como práticas para dissolver traumas, bloqueios e ressentimentos que desarmonizam o ser e atrapalham a fluidez da vida. Tudo ao som de belos mantras. O sétimo vale é o tempo da celebração e consagração das graças alcançadas. É neste último dia do ritual que os devotos confeccionam a “Mandala do Dinheiro”, em que a energia é direcionada para a abundância e a prosperidade financeira.

“É hora de colocar as coisas no eixo. Jogar panelas amassadas fora, louças quebradas e papéis velhos, doar roupas e limpar gavetas e armários”, ensina Maria José Marinho, recomendando que a preparação individual deve comece pelo menos dez dias antes. 

“A Mãe Divina é a forma feminina de Deus, a força criadora do universo. E ela se subdivide em quatro, como um átomo que se sutiliza”, explica a proprietária da Clínica Ponto de Equilíbrio, citando Kali, a mãe guerreira, mais poderosa de todas; Durga, a que evita guerras e protege do mal, Saraswati, deusa dos estudos e das artes, e Lakshmi, que abençoa os negócios e garante prosperidade aos devotos.

Disciplina

Quem participa da Semana da Mãe Divina precisa dedicar-se a si mesmo. O ritual inclui, por exemplo, evitar a ingestão de bebidas alcoólicas, o consumo de carne vermelha e a participação em badalações e grandes eventos sociais. A ideia é não perder o foco e centrar-se nos objetivos desejados. A desintoxicação do corpo inclui o consumo diário de água morna com limão e mel em jejum. Além do ritual coletivo, que acontece em três horários diferentes em todos os sete dias na clínica, há também “dever de casa”.

“É como se estivéssemos subindo uma montanha e passando por diversos vales, nos quais aprendemos a criar bons hábitos, ter boas condições para obter sucesso na vida e metas para modificá-la”, completa a yogueterapeuta. 

Ao se inscrever para o evento, que começa dia 25 deste mês, os participantes recebem material de apoio para a jornada, como apostila de orações, incensos, vela. Outras informações em pontoequilibrio.com.br ou pelo telefone (31) 3225-4222.

As cores usadas nos sete dias de ritual são vermelho, que simboliza o conhecimento e o arrependimento; o rosa, voltado para o desejo, o ego, a mente e o apego; o amarelo, direcionado à limpeza do inconsciente pessoal e coletivo; e o branco, da celebração e consagração

Além disso:

A Semana da Mãe Divina tem origem no Festival de Diwali, como é chamada a Festa das Mil Luzes, celebrada na Índia há milhares de anos. Durante a comemoração, que ocorre em setembro, todas as casas e estabelecimentos comerciais acendem velas e luzes simbolizando a vitória do bem sobre o mal dentro de cada ser humano.

Mais importante celebração do oriente, a Festa das Mil Luzes equivale ao Ano Novo dos ocidentais. Para celebrá-la, além de pintadas, as casas são enfeitadas, pois os hindus acreditam que Lakshmi, a deusa da riqueza e da prosperidade, visita e abençoa lugares e casas limpos e iluminados.

A data não é comemorada somente pela população indiana. Virou tradição também em outros países, inclusive nos ocidentais, pois prega a transmutação energética e a limpeza espiritual mais do que qualquer princípio religioso. Acredita-se que grandeza da Mãe Divina venha dissipar a ignorância, o desamor e o egocentrismo que encobrem a beleza interior das pessoas.

Entrevista:

Maria José Marinho - yogueterapeuta, reiki master e tem mais de 50 anos dedicados ao yoga e às ciências orientais. Proprietária da clínica Ponto de Equilíbrio, criou os primeiros cursos de dança indiana e introduziu a yoga em palestras empresariaisPedro Gontijo

"Nesta data, as energias do universo estão à nossa disposição. receberemos todas as graças de que necessitamos"

Como a senhora conheceu a Semana da Mãe Divina e por que trazê-la para BH? Como foi esse encontro com uma celebração tão representativa na Índia?
Estava em Jaipur, a cidade cor-de-rosa, e fui visitar o palácio de um rei. Ao entrar no local, enorme, vi um lugar de mármore branco, lindo, onde havia um tanque cheio de flores, água e um swami (título hindu) fazendo orações. Eu achei aquilo tudo lindo e pedi para entrar. Fiquei tão encantada com as poucas palavras que entendia, já que a maioria era falado em sânscrito, e envolvida com aquela beleza, que perguntei do que se tratava. Ele, então, me explicou que estavam na Semana da Mãe Divina e depois do meu pedido para aprender, me deu alguns livros para estudar e me aconselhou que voltasse no ano seguinte. Aprendi que o tempo de Deus é um, e o nosso, outro. E voltei um ano depois. Desde então, há 39 anos, nunca mais deixei de fazer. Em Belo Horizonte, sou a única iniciada na Índia. 

Qual é, de fato, a mensagem que a Semana da Mãe Divina leva às pessoas?
São dias auspiciosos, em que a Índia inteira, lojas, casas, hotéis, se ilumina de velas e luzes. É um momento realmente especial para receber as bênçãos que desejamos. Fala-se que nesta data as energias do universo estão à nossa disposição e que se fizermos tudo o que é necessário nesses sete dias receberemos todas as graças de que necessitamos. É como colocar a vida nos eixos, harmonizando a família, a espiritualidade, tendo mais bondade no coração, mais fé e ânimo para viver diante das dificuldades.

Ao longo desses quase 40 anos seguindo todos os passos do ritual dessa semana especial, o que, na prática, a senhora sente no fim dos sete dias?
É uma semana realmente maravilhosa, para harmonizar-se consigo mesmo, com os amigos e a família. Colocar a vida nos eixos. Além de iniciar com o plantio do trigo, uma maneira simbólica de dizer que tudo o que plantamos, colhemos, o último dia das celebrações, com todo mundo vestido de branco e levando flores brancas, é lindo! Fazemos também um amigo-oculto simbólico, em que cada um leva um presente sem o nome de quem oferece e de quem vai receber, e a mandala do dinheiro para atrair abundância.

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