Polêmica

'A ditadura matou foi pouco', diz deputado durante audiência na Assembleia Legislativa de Minas

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
22/03/2023 às 19:19.
Atualizado em 22/03/2023 às 19:20

O objetivo era lembrar e debater os crimes cometidos pelo governo brasileiro durante a Ditadura Militar (1964-1984) durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Porém, logo no início dos trabalhos, o deputado Caporezzo (PL) provocou vaias da plateia ao defender as mortes cometidas pelo regime ditatorial.

Plateia vira as costas na ALMG em protesto durante fala do deputado Caporezzo em defesa da Ditadura Militar (TV ALMG / Reprodução)

Plateia vira as costas na ALMG em protesto durante fala do deputado Caporezzo em defesa da Ditadura Militar (TV ALMG / Reprodução)

"Quando a gente confronta o número de mortos do regime (militar) com o número de mortos nos governos comunistas, realmente, o regime militar matou foi pouco", disse o parlamentar, que serviu na Polícia Militar por 12 anos e se descreve como "cristão e conservador" na biografia do portald a ALMG.

Antes mesmo do pronunciamento, a audiência havia sido suspensa pela deputada Bella Gonçalves (Psol), que presidia a sessão, devido às falas do próprio Caporezzo, que enalteceu o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, figura polêmica da Ditadura e que chegou a ser condenado por tortura, mas o crime posteriormente foi considerado prescrito pela Justiça. Ustra é indicado pela Comissão da Verdade como um dos principais torturadores da Ditadura Militar.

“Fez um trabalho excepcional frente ao centro de informação, o DOI-CODI do 2º Exército”, afirmou o deputado Caporezzo, em menção ao departamento que era palco de parte das torturas e assassinatos atribuídos ao governo militar brasileiro.

Após a polêmica inicial, quando a fala retornou ao parlamentar, parte da plateia virou as costas e levantou cartazes com nomes de pessoas consideradas desaparecidas durante a Ditadura.

A manifestação de Caporezzo também recebeu críticas de parlamentares que organizaram a audiência. “Eu gostaria de pedir perdão às vítimas, aos filhos e filhas de pessoas que foram torturadas na Ditadura. Ter isso no parlamento demonstra que ainda temos que lutar muito para vencermos o fascismo, vencermos essa visão de mundo que ainda existe”, destacou a deputada Beatriz Cerqueira (PT), uma das organizardoras da audiência na comissão da ALMG.

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