Eleições 2022

Ataques de Bolsonaro contra sistema eleitoral não deverão render campanha em Minas

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
16/05/2022 às 06:30.
Atualizado em 16/05/2022 às 09:21
 (Divulgação)

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Os sucessivos ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral brasileiro, sobretudo quanto à confiabilidade das urnas eletrônicas, não deverão estar entre os temas que vão receber destaque nas próximas eleições em Minas, pelo menos no que depender de lideranças ligadas ao bolsonarismo em Minas Gerais. 

O senador Carlos Viana, pré-candidato ao governo do Estado pelo PL (partido de Bolsonaro), por exemplo, manifestou que quer manter o tema longe da pauta de campanha. Mas isso não o impede, segundo ele, de defender “mais transparência” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao tratar das urnas eletrônicas. 

“Se o TSE abrisse um grande debate sobre o tema, resolveria o problema. O que nós sabemos é que todo sistema eletrônico está sujeito a falhas”, afirmou.

Na segunda-feira (9), as Forças Armadas encaminharam ofício ao TSE apresentando novos questionamentos e sugestões em relação aos testes de segurança das urnas eletrônicas. O pedido foi rejeitado pela Justiça Eleitoral. A negativa abriu as polêmicas que levaram a novas críticas de Jair Bolsonaro contra as urnas eletrônicas.

Em resposta, o ministro do STF Edson Fachin, presidente do TSE, disse que as eleições devem ser feitas pela sociedade civil desarmada. “A Justiça Eleitoral está aberta a ouvir, mas jamais estará aberta a se dobrar a quem quer que tente tomar as rédeas do processo eleitoral”, afirmou no evento que encerrou a fase de testes das urnas eletrônicas, nesta quinta-feira (12).

Para o cientista político Oswaldo Dehon, professor do Ibmec, o debate que se estabeleceu no Brasil a partir das desconfianças de Bolsonaro não passa nem mesmo por questões técnicas das urnas ou do processo eleitoral, mas tem relação com uma estratégia política. “É uma estratégia do trumpismo nacional tentando realizar o 6 de janeiro brasileiro, mas o eleitor precisa entender que os contextos do cadastramento eleitoral lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil são muito diferentes. Aqui, a centralização que existe na Justiça Eleitoral é positiva e dá segurança ao processo”, detalhou, em alusão à invasão do Capitólio por grupos de extrema-direita apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

Apoiadora de Bolsonaro, a deputada federal Alê Silva, do Republicanos, vê sentido nas ações do presidente, mas diz que isso não quer dizer que estaria “questionando” o processo eleitoral brasileiro. “Até o corpo humano tem falhas, exames laboratoriais têm probabilidade de erro. O que nós queremos saber é qual a possibilidade de erro das urnas e se podem influenciar o resultado eleitoral”, diz.

Segurança

Na sexta-feira (13), o TSE finalizou o Teste de Confirmação de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação. Essa é uma das etapas da auditoria pública que a Justiça Eleitoral está realizando este ano. 

O objetivo dessa etapa foi verificar se foram realizadas as mudanças necessárias para reforçar a segurança dos sistemas a partir das indicações feitas por investigadores durante a fase anterior de testes, entre 21 a 27 de novembro de 2021.

Vários especialistas em segurança e tecnologia da informação tentaram violar o sistema e não conseguiram. A partir de agora, o TSE trabalhará para implementar as soluções a tempo das Eleições 2022, e discutirá internamente outros aprimoramentos que poderão contribuir para a segurança das eleições.

A atual edição contou com a participação de 26 investigadores e especialistas em Tecnologia e Segurança da Informação para executar planos de ataque aos softwares e hardwares da urna.

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