Tecnologia

Uso de drones ganha força nas fazendas de Minas

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 28/02/2022 às 06:30.
O instrutor Marco Alziro, da Faemg, opera um equipamento de drone (Faemg/Divulgação)

O instrutor Marco Alziro, da Faemg, opera um equipamento de drone (Faemg/Divulgação)

O uso da tecnologia de drones ganhou o céu das áreas rurais e chegou a espaços que antes resistiam à nova tecnologia. Segundo pesquisa da empresa Drone Deploy realizada no Brasil e em outros 39 países, 54% dos produtores rurais pretendem investir nestas pequenas aeronaves pilotadas à distância por controle remoto, e essa realidade não é diferente em Minas Gerais.

“O produtor rural entendeu que a tecnologia é uma aliada na produção. O uso de drones, por exemplo, reduz custos e torna a produção mais eficiente. Quando o produtor percebe isso, ele quer aderir e o curral vira sala de aula”, conta Marco Alziro, especialista em geoprocessamento e instrutor nos cursos de drone da Faemg (Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais).

Para ampliar o uso nos campos, os drones contam com o apoio importante das novas gerações de produtores rurais, mais amigáveis com as inovações tecnológicas.

É o caso de Laura Martins, filha e neta de pecuaristas do Triângulo Mineiro. Estudante de agronomia em Uberlândia, ela foi a responsável por trazer os drones para o dia a dia da fazenda, especializada em gado de corte. “Meu pai confiou em mim, me colocou como gerente e uma das primeiras coisas que eu fiz foi utilizar o drone na fazenda”, diz.

Ela conta que, no começo, houve resistência, mas que os resultados convenceram o patriarca da família. “O produtor rural tem tendência de ser mais bronco, apegado à tradição e resiste às novas tecnologias. Mas, quando vê o ganho de eficiência, acaba se convencendo”, relata.

A alta procura pelos cursos levou a Faemg a limitar o número de alunos por turma, criando uma espécie de lista de espera. Somente no ano passado, de acordo com a Faemg, 1.400 alunos foram capacitados nos 203 cursos ministrados sobre o tema, oferecidos em parceria com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

Oportunidade

“Tornar-se piloto de drones é uma galinha dos ovos de ouro para quem começar agora”, defende o instrutor Marco Alziro. Segundo ele, um drone que atenda as necessidades básicas para uso no campo custa aproximadamente R$ 9 mil. E o valor cobrado por voo do drone (tempo de duração de uma bateria, ou seja, entre 20 e 30 minutos) é de R$1.500.

Desta forma, o retorno do investimento tem alto potencial, mas, como diz Alziro, é preciso que seja assim. “Um drone é um equipamento de alto valor, e a operação com ele envolve riscos, tanto para o equipamento quanto para as pessoas próximas”, explicou.

Aplicações

Os drones são aeronaves de pequeno porte que voam de forma lenta, podendo inclusive parar no ar e a uma altura menor que as aeronaves tradicionais. Eles podem voar dentro das plantações, quase rente ao chão, e isso possibilita os mais diversos usos. 

Mas por que os drones têm feito tanto sucesso no campo? Os equipamentos inicialmente eram utilizados para aplicação de insumos e químicos nas plantações. Hoje, porém, com o avanço na qualidade de imagens e softwares, os produtores têm feito usos diferentes e criativos dos drones.

O uso tradicional engloba o mapeamento de terrenos, monitoramento da produção e aplicação de insumos e pesticidas. Porém para a gerente de formação profissional rural e promoção social da Faemg, Liziana Rodrigues, a tecnologia pode ser aplicada em qualquer perfil de propriedade rural e será cada vez mais acessível: “Estamos sempre com o olhar focado nas tendências de mercado e antecipando demandas para capacitar profissionais”, disse.

Na pecuária, eles são utilizados para controlar pragas e qualidade do pasto, contar número de cabeças de gado, acompanhar erosões, entre outras, como exemplificou Laura Martins, dizendo que, na fazenda em que é gerente, o monitoramento do pasto é feito através da análise das cores e degradé das imagens produzidas pelo drone. 

“Em uma cultura de café, é utilizado para avaliar a expansão da plantação e auxiliar o produtor no planejamento do manejo da cultura. Em uma fazenda de soja e milho, por exemplo, que utiliza milhares de hectares para plantação, a única forma de verificar falhas e problemas no terreno é através da vista aérea e, nesses casos, o drone é a forma mais eficaz”, exemplifica Alziro.

Os drones também são muito utilizados para chegar em áreas de difícil acesso e para aplicação de pesticidas. “Pensando inclusive nas  questões de impacto ambiental, o uso de drones é o mais eficaz. Você faz um voo de monitoramento, em que identifica os locais que necessitam da aplicação de químicos, e depois leva o drone para aplicar os produtos só no local necessário, de forma pontual e mais eficiente”, disse o instrutor.

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