Prefeita de Governador Valadares estranha operação na semana de votação do Impeachment

Ana Lúcia Gonçalves
alucia@hojeemdia.com.br
13/04/2016 às 20:36.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:56
 (Leonardo Morais/Hoje em Dia)

(Leonardo Morais/Hoje em Dia)

Com 15 integrantes do alto escalão presos ou afastados pela Justiça durante a “Operação Mar de Lama”, que investiga contratos supostamente fraudulentos para desvio de recursos federais firmados pela prefeitura e Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) com empresas diversas, a prefeita de Governador Valadares, no Leste do Estado, Elisa Costa (PT), já começa a recompor o seu governo, a partir desta quinta-feira (14).

Em coletiva de imprensa realizada na prefeitura, ela negou os desvios e disse estranhar a realização da operação na semana do julgamento do impeachment da presidente Dilma Rousseff. “Muito me surpreendente que tenha ocorrido nesta semana. Há de se fazer uma pergunta: qual a razão desse fato ter sido apresentado exatamente nesta semana, se os levantamentos são anteriores, começaram em 2015”, indagou.

Por causa da preocupação com protestos - vidros da Câmara Municipal foram quebrados nesta madrugada - os trabalhos foram acompanhados pela Polícia Militar que ficou do lado de dentro e fora do prédio, mas nenhum manifestante apareceu.

Recomposição

Segundo a prefeita, tudo será esclarecido ao final das investigações. “O que temos até agora são indícios, contratos em análise. Todos os meus secretários são da minha confiança”, avisou. Apesar disso, eles serão trocados, pelo menos, provisoriamente. Oito servidores foram presos e 12 afastados pela justiça que também afastou oito vereadores, acusados de receber propinas para votar projetos que favoreciam as fraudes.

“Vou recompor o governo. Gestão pública é trabalho de equipe e tudo está  funcionando, com apoio dos adjuntos, mas vamos substituir nomes e compor novos quadros para dar continuidade à gestão”, avisou. A prefeita anunciou que pediu à Polícia Federal uma reparação com relação à divulgação do montante de R$ 1,5 bilhão como sendo supostamente o valor desviado, o que já foi feito no site oficial, mas deve ser feito também para a comunidade e a imprensa.

Segundo ela, R$ 1,5 bilhão refere-se ao total dos 11 contratos que estão sendo investigados e não ao montante supostamente desviado. “A reparação precisa ser feita também para toda a comunidade e toda a imprensa, precisamos mostrar que não houve desvios de recursos públicos, muito menos de R$ 1,5 bilhão”, disse. O documento será enviado nesta quinta-feira (14).

O valor, considerado por ela “astronômico” teria sido calculado tomando por base o valor mensal do serviço de limpeza pública da cidade, valor que foi multiplicado por um ano e depois por 30 anos, prazo de vigência de um novo contrato; e mais o valor da construção do aterro sanitário que está em fase de licenciamento ambiental. A licitação foi vencida por uma das empresas investigadas, a Pavimentação e Terraplanagem Ltda. (Pavotec).

“Mas não recebemos o recurso ainda. O consórcio que ganhou tem um contrato atual (limpeza pública), e quando da licitação e operação do aterro, terá um segundo contrato”, explicou a prefeita, alegando que esses recursos nada tem a ver com os R$ 4,7 milhões destinados pelo Ministério da Integração Nacional em 2014 para obras emergenciais e reparos de estragos provocados pelas chuvas de 2013. “Esses R$ 4,7 milhões foram empregados em obras emergenciais e todas foram de qualidade”, afirmou Elisa Costa.

Gigante

O processo que investiga as supostas fraudes cometidas pela prefeitura e Saae para desviar recursos federais tem mais de três mil páginas. A prefeita disse que vai colaborar com as investigações, mas seus advogados precisam conhecer as denúncias em sua totalidade, o que ainda não foi possível. Disse também que está cautelosa, embora não tema que seu nome seja envolvido nesse “Mar de Lama’. “Somos muito criteriosos com os contratos. Está tudo certo”.  

A prefeita também se diz surpresa com o afastamento dos oito vereadores e desconhecer pagamentos de vantagens e propinas para que aprovem projetos do governo. “Não tenho conhecimento disso. Em nenhum momento isso foi autorizado”.  

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