‘A Nippon perdeu o GPS’, diz ceo da Ternium, Paolo Bassetti

Filipe Motta
fmotta@hojeemdia.com.br
30/11/2017 às 19:39.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:58
 (Jorge Martinez/Ternium/Divulgação )

(Jorge Martinez/Ternium/Divulgação )

MONTERREY, MÉXICO - Ao contrário do Brasil, onde o desgaste sobre a condução da Usiminas tem causado alvoroço nos últimos anos, a boa relação entre as siderúrgicas Ternium e Nippon-Steel no México é visível. Para o presidente da Ternium no Brasil, Paolo Bassetti, a Nippon está desorientada em relação à siderúrgica com sede no Estado. E apesar de afirmar que as operações da Usiminas se encontram blindadas da disputa entre os grupos, ele não poupa os parceiros de críticas.

“Temos relação com a Nippon há mais de 45 anos. No México, não há problema. Entramos na Usimimas porque tínhamos muita confiança. Quando começamos a perceber os problemas na Usiminas, a Nippon começou a se opor. Os japoneses acham que podem fazer o que quiser na empresa. A Nippon perdeu o GPS”, disse, ponderando que as regras claras da parceria no México contribuem para os bons negócios no país latino-americano.

Na Usiminas, a Ternium se tornou uma das sócias da Nippon-Steel em 2011. No entanto, disputas sobre o processo de gestão, refletidas no conselho de administração, já fizeram o presidente da empresa ser trocado quatro vezes desde 2014

Em nota, a Nippon afirmou que a atual situação de recuperação da companhia - iniciada na gestão anterior e que continua na atual - é de grande importância para a companhia. “A Nippon tem muita honra e orgulho de participar da história da Usiminas, projeto no qual a empresa investe há 60 anos, com o compromisso de fazer o melhor para a usina, Vale do Aço e Minas”.

Prova do sucesso da parceria entre Ternium e Nippon no México é o processo de expansão das atividades na segunda maior economia latino-americana, anunciado nas últimas semanas, e o aumento da produção em conjunto entre as duas empresas, também em andamento, que deve se consolidar em 2019.

Ao mesmo tempo em que as duas empresas disputam o controle da condução de uma das principais siderúrgicas em operação em Minas, elas conduzem, por meio da empresa Tenigal, na região de Monterrey, um dos parques industriais mais modernos para a produção de bobinas de aço galvanizado da América Latina – vendidas principalmente para a indústria automotiva, que tem presença forte próximo à fronteira do México com os EUA.
A planta da Tenigal, hoje com capacidade de 400 mil toneladas de aço galvanizado por ano, teve expansão anunciada no ano passado e deve ter obras concluídas em 2019, o que ampliará em 350 mil toneladas ao ano a produção.

Com 51% das ações controladas pela Ternium e 49%, pela Nippon-Steel, a joint venture é parte do complexo siderúrgico de Pesqueria, controlado pela Ternium, onde a empresa realiza outros processos de laminação de aço (1,5 milhão de toneladas/ano) de forma independente da parceira.

No último mês, a planta de Pesqueria também teve a sua ampliação anunciada pela Ternium. Quando concluídas, as novas atividades da ítalo-argentina no México serão abastecidas, em parte, pelas placas de aço produzidas pela CSA, no Rio Janeiro, comprada da Thyssenkrupp pela Ternium no início do ano por US$ 1,7 bilhão.

A parceria das duas empresas é estratégica no México, pois o poder de investimento da Ternium somado ao know-how da Nippon no processo de galvanização do aço laminado garante a aquisição de certificados de qualidade que facilitam a venda do produto a clientes estratégicos.

Ao contrário do Brasil, que viu o consumo de aço cair de 28 milhões de toneladas, em 2013, para 18,2 milhões, em 2016, o México vive uma expansão estimulada sobretudo pela indústria automotiva. O consumo per capita no país é de cerca de 200 toneladas/ano, enquanto no Brasil situa-se é de 100 toneladas/ano.

O jornalista viajou a Monterrey (MEX), a convite da Ternium

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