Alckmin quer isolar Marcola e líderes do PCC

Marcelo Godoy e Luciano Bottini Filho
28/02/2014 às 08:15.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:20
 (Jorge Santos)

(Jorge Santos)

O governo vai pedir a internação de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e de outros três líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) da Penitenciária de Presidente Bernardes. O pedido será feito pelos secretário da Segurança Pública, Fernando Grella Vieira, e da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. Os dois se reuniram nessa quinta-feira (27).

A medida é uma resposta ao plano de fuga montado pela facção, e revelado pelo estadao.com.br, que pretendia usar dois helicópteros para resgatar Marcola e os comparsas da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

Além de isolar os presos no RDD, o plano do governo é pedir à Justiça a decretação da prisão temporária de três dos acusados de participar do planejamento da fuga - todos estão em liberdade. Entre eles está Márcio Geraldo Alves Ferreira, o Buda. "O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) vai pedir a prisão dele", afirmou Grella.

Buda havia sido encarregado pelo PCC de procurar aeronaves que pudessem ser usadas no resgate dos presos. Ele fez quatro voos de teste para o plano. Os detentos queriam sequestrar um helicóptero no qual embarcaria a tropa de choque da facção.

Armados com fuzis e uma metralhadora calibre .30, eles teriam por missão dar cobertura para outro helicóptero. O plano era que esse segundo aparelho - um Esquilo - fosse blindado. Ele seria pintado com as cores da polícia e receberia adesivos que o tornariam semelhante aos Águias da PM.

No dia 22 de fevereiro, Buda tentou alugar um helicóptero no Campo de Marte, em São Paulo. Como não conseguiu, o suspeito teria ido a Viracopos. Segundo a inteligência policial, Buda teria feito então um voo até o Paraná. "Não conseguimos confirmar o aluguel em Campinas", afirmou Grella. Os investigadores não encontraram registro de nenhum voo que tenha feito o trajeto.

Interceptações telefônicas mostraram que os criminosos teriam transferido a operação de resgate para sábado, 1.º de março. Os bandidos haviam reservado o aluguel de um helicóptero em Curitiba, no Paraná. Queriam sequestrar o piloto e obrigá-lo a voar até Presidente Venceslau. O plano do Deic era prender os bandidos no aeroporto, antes da decolagem.

Os investigadores trabalhavam, no entanto, com a possibilidade de os criminosos mudarem repentinamente os planos e escolherem outro aeroporto para sequestrar a aeronave. Por isso, uma equipe de 15 homens do Comando de Operações Especiais (COE) estava escondida na mata em torno do presídio.

Entre eles havia seis atiradores de elite - com fuzis capazes de derrubar qualquer aeronave que tentasse se aproximar da prisão. Para parte dos responsáveis pela apuração, a decisão de abater o helicóptero poderia até pôr em risco a vida do piloto que fosse feito refém.

Reunião.

A decisão de enviar os homens do COE para Presidente Venceslau foi tomada em reunião feita no dia 17 na sede da Secretaria da Segurança Pública, da qual participaram Grella, Lourival Gomes, o comandante-geral da PM, coronel Benedito Meira, o comandante da Tropa de Choque, coronel Carlos Celso Savioli, e o delegado-geral, Maurício Blazeck. Em vez de homens que fizessem o reforço ostensivo do policiamento no lugar, Savioli propôs o envio do COE para que os homens ficassem de tocaia.

Também decidiram não transferir Marcola e os demais líderes da facção da penitenciária porque isso não ia deter os planos do PCC. A facção só mudaria o alvo. Um inquérito foi aberto pelo Deic, que chegou a pedir à Justiça a decretação da prisão de Buda, o que foi negado. "Agora temos novos elementos que nos permitem refazer o pedido", afirmou Grella. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br

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