Batalhão de Choque entra em presídio de Alcaçuz após seis dias de rebelião

Folhapress
19/01/2017 às 19:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:28

Após 38 ataques nas ruas e de um novo confronto violento entre facções criminosas no presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, com presos rebelados desde sábado (14), o presidente Michel Temer autorizou nesta  quinta (19) o envio das Forças Armadas para reforçar a segurança na cidade.

Os militares, especialmente do Exército, vão atuar na capital potiguar, que também já tem tropas da Força Nacional, a partir deste final de semana, a pedido do governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD).

A disputa entre facções criminosas, que deixou 26 mortos em Alcaçuz no final de semana, teve cenas de batalha campal na prisão nesta quinta, com detentos do PCC (Primeiro Comando da Capital) tentando invadir a ala do Sindicato do Crime do RN.

Segundo a polícia, além do uso de pedras e telhas, havia armas de fogo e facões com os presos. Ela dizia ainda não ter como confirmar vítimas. Segundo a TV Globo, havia ao menos duas mortes.

Cenas do confronto foram transmitidas ao vivo pela TV --inclusive com presos sendo  removidos em carrinhos de mão e levados para as alas. Sem controle do presídio, policiais disparavam balas de borracha das guaritas, por mais de uma hora, na tentativa de contenção da briga.

À tarde, o governador decidiu pela entrada da PM para "retomar a ordem do presídio". Segundo ele, em seguida será construído um paredão, de placas de concreto, para separar os detentos rivais, até que haja toda a remoção no Estado inteiro.

O Batalhão de Choque da Polícia Militar entrou em Alcaçuz no final da tarde, em clima de tensão devido à ameaça de confronto. Até a conclusão desta edição ela seguia dentro da unidade. Antes, presos colocaram fogo em colchões e madeiras dentro de um pavilhão, agravando a destruição e espalhando a fumaça na área.

ATAQUES

A transferência para outro presídio de 220 detentos do Sindicato do Crime do RN na quarta motivou uma reação dessa facção, que viu a medida como um benefício ao PCC e ordenou ataques nas ruas.

Em menos de 24 horas, criminosos haviam ateado fogo em ônibus e carros oficiais e atacado prédios do governo na capital potiguar e nas cidades de Parnamirim (região metropolitana), Caicó (250 km de Natal), João Câmara (95 km) e Macau (180 km).

O governo do Estado, que contabilizava 38 ataques (sendo 22 contra ônibus), diz que a estratégia de provocar medo fora dos presídios é a mesma usada em rebeliões de 2016, em ações também do Sindicato do Crime do RN.

Antes de atender ao pedido de envio do Exército para as ruas, Temer conversou com o ministro Raul Jungmann (Defesa), que ficará responsável pela logística da atuação das Forças Armadas.

Na quarta, o governo do RN, assim como os do AM e de RR, já havia pedido a ação das Forças Armadas na varredura dos presídios --medida que já havia sido avalizada por Temer e que será implantada posteriormente.

Não haverá, porém, contato dos militares com os detentos. "Quando uma unidade da Federação não tiver condições de manter a ordem pública e a segurança, seja por insuficiência, incapacidade ou impossibilidade das forças de segurança e da ordem, o governador poderá solicitar apoio do presidente da República", afirmou Jungmann.

DESCONTROLE

Em Alcaçuz, fora as barricadas montadas pelos próprio detentos, já não havia mais nem divisões físicas entre os presos, que circulavam por suas áreas no presídio. Agentes penitenciários não tinham acesso a boa parte do espaço dos detentos. A alimentação chegava por meio de cordas --um preso da cozinha subia numa guarita e puxava sacos de comida.

Desde o último final de semana, após a primeira rebelião, o novo confronto entre os presos do Sindicato do Crime e do PCC vinha se tornando cada vez mais provável à medida que a tensão aumentava entre eles. O governo, até então, havia decidido não entrar com a polícia no presídio com a justificativa de evitar episódios violentos como o do massacre do Carandiru.

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