Bom e barato: com preços 7,5% mais em conta, setor de atacarejo ganha força na crise

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
25/08/2017 às 20:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:16
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

A crise econômica e a queda na renda do trabalhador jogaram luz sobre os atacarejos, considerados um meio termo entre o atacado e o varejo e responsáveis por atender tanto aos consumidores finais quanto aos pequenos comércios. O motivo da atração do consumidor por esses locais é fácil de explicar: conforme pesquisa da Nielsen, uma compra realizada nos atacarejos é cerca de 7,5% mais barata do que nos mercados tradicionais.

Como reflexo, o cliente economiza, por ano, aproximadamente R$ 472. O valor é suficiente para pagar as contas de um mês (água, luz e gás), quitar uma mensalidade escolar ou jantar fora três vezes, segundo o estudo.

Em alguns produtos, conforme dados da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (Abaas), que representa os atacarejos, a redução no valor é de 15%.

“O segmento cresce acima de 2 dígitos há três anos consecutivos e já alcança 54% dos domicílios brasileiros”, comemora o vice-presidente da entidade e proprietário da rede Villefort, Virgílio Villefort.

Esse tipo de estabelecimento atende, principalmente, ao cliente ou ao comerciante que se planeja antes de ir às compras, avalia o coordenador do curso do economia do Ibmec, Márcio Salvato. Dessa forma, é possível levar mais produtos e gastar menos.

22% foi o crescimento do setor de atacarejo entre 2015 e 2016. Para este ano, a previsão da abaas é a de que o índice se repita.

Ele ressalta que o comportamento de compra do consumidor mudou. Se antes as pessoas costumavam fazer as compras do mês aos poucos, levando a cada dia alguns produtos para a casa, agora elas voltaram a abastecer a dispensa de uma só vez. “No caso dos produtos não perecíveis, a pessoa pode comprar em maior quantidade e pagar bem mais barato”, explica. Vale destacar que nos atacarejos a etiqueta de cada produto mostra tanto o preço no varejo quanto no atacado.

O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (AMIS), Antônio Claret Nametala, afirma que o preço mais baixo é o principal atrativo. “É natural que em tempos de redução na renda, o consumidor opte por buscar economia, e os atacarejos vêm exatamente com essa proposta de diferenciação: preços mais em conta”, diz.

Ele comenta, ainda, que há espaço para todos os segmentos. “Os supermercados também vêm registrando crescimento contínuo”, pondera Claret.
O segredo para manter os preços abaixo dos praticado no mercado convencional, conforme a diretora de Marketing do Decisão Atacarejo, Valéria Bax, é o planejamento na hora de montar o mix de produtos. Segundo ela, enquanto um supermercado comum possui cerca de 20 mil itens à venda, os atacarejos oferecem 8 mil. E é aí que está o pulo do gato.

“É necessário escolher produtos de qualidade, que vão agradar o consumidor. Além disso, como compramos menos marcas em maior quantidade, é possível negociar preços mais baixos e repassar ao consumidor”, afirma.

Além da melhor seleção dos produtos, o proprietário da rede Apoio, Euler Nejm, diz que a redução do custo de operação é primordial para reduzir o preço nas gôndolas.

“Não temos embaladores, por exemplo, ou sacolas plásticas. Porém, toda a economia que fazemos nesses itens nós repassamos ao consumidor”, garante. A estratégia tem dado certo. Sem abrir novas lojas, o faturamento do Apoio cresceu 8% no primeiro semestre do ano, na comparação com igual período passado.

Em Minas, mais 22 lojas serão inauguradas até o próximo ano

O setor de atacarejo cresceu 22% no ano passado, na comparação com o ano anterior, segundo o vice-presidente da Associação Brasileira dos Atacadistas de Autosserviço (Abaas).

Para este ano, a previsão é manter o índice de aumento. A projeção é sustentada pela quantidade de novas lojas que vêm por aí. Levantamento do Hoje em Dia aponta que pelo menos 22 unidades serão inauguradas no Estado até 2018.

Atualmente, a rede Apoio Mineiro possui 13 lojas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Até o final do ano, segundo o proprietário, Euler Nejm, uma unidade será inaugurada na BR-040, próximo da Ceasa. Para o ano que vem, cinco novas lojas estão previstas.

O grupo Decisão Atacarejo também tem planos agressivos. A empresa inaugurou uma unidade no shopping em Santa Luzia há poucos dias e planeja abrir outras duas lojas até o final deste ano, uma em Lagoa Santa, em setembro, e outra em Contagem, em outubro. Atualmente, são quatro unidades. Cerca de 250 postos de trabalho serão criados para atender às três novas lojas.

O Villefort, que possui 14 unidades no Estado, prevê abrir outras três neste ano. A rede, que emprega 2,4 mil pessoas, vai gerar outros 250 empregos. O MartMinas, conforme informações da Abaas, pretende abrir oito lojas até o ano que vem, chegando a 31. Hoje são 23.

Conversão
Outra rede que projeta expansão é a Assaí, do grupo Pão de Açúcar. Para dar ênfase no atacarejo, em Uberlândia o Hipermercado Extra, da mesma rede, já teve a bandeira alterada para Assaí, que se enquadra no segmento. Nos bastidores, é dito que parte das três lojas de Belo Horizonte pode ser convertida para a bandeira.
A assessoria de imprensa afirma, no entanto, que não há planos de a Assaí chegar na capital mineira.

O grupo DMA, dono das redes Epa e Epa Plus, reabriu, no final de 2016 o extinto Mineirão. A novidade é que ele chegou no formato atacarejo. A loja fica no Betim Shopping. Depois disso, a rede abriu neste ano filiais em Ipatinga e Sete Lagoas, esta última inaugurada no dia 17 deste mês. 

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