BR-381 vira gargalo logístico no país; duplicação da rodovia não soluciona escoamento da produção

Luciana Sampaio Moreira
lsampaio@hojeemdia.com.br
21/06/2018 às 21:55.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:54
 (Wesley Rodrigues)

(Wesley Rodrigues)

O projeto de duplicação da BR-381, que já deveria estar concluído neste ano, continua a ser um dos gargalos da logística mineira e nacional. Na lista de projetos de infraestrutura anunciados pelo governo federal, que estão em curso ou em fase inicial de implantação, a rodovia que corta o Estado em direção ao Espírito Santo é uma obra que poderá melhorar a circulação de cargas e pessoas, mas não será suficiente para reduzir os problemas do sistema logístico do Estado, a médio e longo prazos. Essas são algumas das informações do primeiro relatório da Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transportes da Fundação Dom Cabral (PILT/FDC). O projeto foi lançado ontem. SupercomputadoresA Plataforma utiliza supercomputadores para fazer a gestão de um banco de dados georreferenciados de diversos órgãos públicos e entidades parcerias. O monitoramento completo de tráfego e das cargas que percorrem 195,2 mil km de rodovias, 19,7 mil km de ferrovias, 16,7 mil km de aquavias (hidrovias e cabotagem), 30 portos e 5,2 mil km de dutovias, entre oleodutos e minerodutos em âmbito nacional subsidia simulações multivariadas do cenário logístico nacional. O professor da FDC e responsável pelo projeto, Paulo Resende, adiantou que, mesmo que todas as obras previstas para o Brasil estiverem concluídas e em operação em 2025, as condições logísticas tendem a piorar. “Os mapas da infraestrutura nacional, em 2025, estão mais críticos que o atual e a previsão para 2035 vai depender do que já estiver sido feito até então”, declarou.  O estudo aponta que o Brasil cresce na direção do interior, em função das grandes cargas de minério de ferro e do agronegócio. No entanto, as rotas ainda estão concentradas na região próxima do litoral. “A concentração de fluxos no Sul, Nordeste, passando pelo Sudeste e Centro-Oeste não permite que o país tome a decisão brusca de partir para os setores ferroviário e hidroviário. É necessário planejar a infraestrutura a longo prazo. Se o Brasil planejar a curto prazo, não será possível romper com o sistema rodoviário e, caso isso ocorra, haverá graves problemas econômicos, a exemplo do que aconteceu durante a greve dos caminhoneiros”, frisou. Ainda conforme o professor, não se pode colocar a infraestrutura no conceito de curto prazo. “Ao falar assim, entrega-se as decisões da área para ideologias e pensamentos subjetivos”, enfatizou. Com a oferta e ampla divulgação de dados técnicos e confiáveis para a sociedade, a proposta da PILT é contribuir para o planejamento a longo prazo dessa importante área que demonstra o grau de desenvolvimento do país. VOLUMESO PILT/FDC também fez projeções sobre a distribuição do transporte de cargas pelos modais que compõem a logística nacional. O volume de cargas que era de 1,90 bilhão de toneladas úteis (TU) deve alcançar a marca de 2,29 bilhões de TU em 2025. A expectativa para 2035 é atingir 2,68 bilhões de TU, com crescimento de 40,5% no intervalo de 20 anos.  A produção de transporte, no mesmo período, vai saltar de 1,37 trilhão de toneladas quilômetros úteis (TKU) em 2015 para 1,69 trilhão de TKU em 2025. A projeção para 2035 é de 1,95 trilhão de TKU, um incremento de 42,3%.  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por