Ex-funcionária da Kiss diz que extintores sumiram após reforma

Marcelo Soares, Enviado Especial - Folhapress
31/01/2013 às 18:01.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:34

SANTA MARIA - Vanessa Vasconcellos, ex-relações públicas da boate Kiss, atingida por incêndio no último domingo (27), afirmou em depoimento à polícia que não havia mais extintores na casa noturna após uma reforma feita no ano passado. Vanessa trabalhou no local entre dezembro de 2010 e dezembro de 2012. Sua irmã, Letícia Vasconcellos, foi uma das vítimas que morreram no incêndio.

De acordo com a testemunha, Elissandro Spohr, 28, o Kiko, um dos donos da boate Kiss, fazia reformas no local com muita frequência e, desde a última obra de renovação, ela afirma não ter visto mais os equipamentos de segurança. Ainda de acordo com Vanessa, o empresário procurava fazer tudo da maneira mais barata possível, incluindo as obras na casa noturna. "O que ele podia conseguir de graça, ele fazia", contou.

Enquanto ainda trabalhava na Kiss, Vanessa era responsável por fazer o site da casa noturna. Ela afirmou à policia que, na última versão da página, Kiko comentou que as fotos estavam ótimas, mas era uma pena que os extintores de incêndio estivessem aparecendo, já que eles deixavam o local "feio". O advogado Jader Marques, que representa o sócio Elissandro Spohr, afirmou ontem que os proprietários revestiram por conta própria o teto do estabelecimento em cima do isolamento acústico. Segundo testemunhas, foi no teto que começou o incêndio, após um integrante da banda usar um sinalizador.

Apesar dos pontos apurados pela polícia, o advogado nega a superlotação do local e afirma que "não havia nada de irregular" na casa noturna e que ela estava em plenas condições de funcionamento.

Celulares

Os celulares das vítimas do incêndio passarão por perícia. Parentes das vítimas que procuram a 1ª Delegacia de Polícia, no centro da cidade, para reconhecerem e recuperarem objetos de vítimas deixados na casa noturna, disseram que os policiais estão em busca de imagens feitas na noite do incêndio. Um cartaz afixado na porta da delegacia diz que todos os objetos -a maioria bolsas- serão analisados como provas e devolvidos em seguida.

Uma pessoa entra de cada vez na delegacia. A polícia está coletando as comandas usadas na noite do incêndio e aproveita para colher depoimentos de parentes e sobreviventes.

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