Buarque: ex-ministro defende admissibilidade da denúncia contra Temer na Câmara

Fábio Corrêa
primeiroplano@hojeemdia.com.br
14/07/2017 às 23:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:34
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

Ex-ministro da Educação no primeiro mandato de Lula, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) vem recebendo críticas, principalmente nas redes sociais, sobre posições tomadas recentemente, como os votos favoráveis ao impeachment de Dilma, a PEC do Teto de Gastos e a reforma trabalhista. Em entrevista ao Hoje em Dia, o senador afirmou que a esquerda ficou parada no tempo, chamou o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) de “excrescência”, reprovou o Escola Sem Partido e disse apoiar a abertura do processo contra Michel Temer na Câmara e o consequente afastamento do peemedebista.

“Quando surge um candidato do tipo Bolsonaro, todo brasileiro é obrigado a ser candidato contra ele”, afirma o ex-governador do Distrito Federal, que confessa que se candidataria novamente à Presidência, à qual se candidatou em 2006, pelo PDT. “Não vou atrás. Se vier, eu aceito. Já fui uma vez, seria outra vez. Estou pronto, e em melhores condições que naquela vez”, declara Cristovam.

Novo livro
O senador, que lança amanhã o livro “Mediterrâneos Invisíveis”, sobre os recentes movimentos migratórios de refugiados, reprova Bolsonaro, que, numa declaração recente, garantiu que “a Europa vai encher navios com refugiados e mandar para o Brasil”. “Isso é prova de uma imensa incompetência. Ele não conhece nada de geografia para perceber que o Brasil é muito distante e não atrai assim os imigrantes”, rebate Cristovam. “Ele (Bolsonaro), como candidato à Presidência, é uma excrescência da nossa democracia. Não sei de onde vem esse sobrenome Bolsonaro, mas se tivessem proibido a migração no passado, talvez a única vantagem seria não ter tido um Bolsonaro no Brasil”, diz.

Especialista em educação, Cristovam comentou a crítica, na semana passada, de professores do Colégio Santo Agostinho ao ensino de diversidade sexual, e disse ser a favor da matéria. “É muito melhor (aprender isso) na escola do que na rua. Como educador, creio que isso faz parte, sim, da educação. Mas, como político, os pais têm direito de debater isso”. O movimento Escola Sem Partido, que quer acabar com a “doutrinação ideológica” nas escolas é, para ele, no entanto, “censura”. “Quero uma escola com todos os partidos, e não sem partidos”, destaca.

Sobre a denúncia contra Temer, que deve ser votada na Câmara em agosto, Cristovam disse ser a favor: “Barrar é impedir o povo de saber isso”.
Sobre a reforma trabalhista, Cristovam afirma “acreditar no trabalhador” e diz que não se importa com os possíveis votos perdidos com as posições recentes. “A esquerda é servir ao público, não é servir ao Estado. A esquerda do Estado, que foi a esquerda soviética, fazia sentido antes da informática, da biotecnologia, da globalização. Mas, lamentavelmente, a chamada esquerda ficou para aqueles anos”.

ALÉM DISSO
Cristovam lança amanhã, em BH, o livro “Mediterrâneos Invisíveis” na 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Fruto de entrevistas com refugiados na fronteira entre Turquia e Síria, o livro trata da questão do movimento de migrantes que buscam melhores condições de vida fazendo a travessia, muitas vezes a pé, para chegar à Europa.
Como solução para o problema, Cristovam defende um programa similar ao Bolsa Família, mas que tenha abrangência mundial que abarque educação, saúde e investimento, com bolsas para refugiados em universidades em todo o mundo. “Se fizermos isso, os emigrantes não vão mais emigrar, salvo os poucos, e aqueles dos países em guerra”, explica o ex-governador do Distrito Federal.
O lançamento de “Mediterrâneos Invisíveis” será às 16h, no Café Literário, localizado na Tenda ExpoT&C, no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais, onde está sendo realizada a reunião anual da SBPC.

 

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