Casas que transmitem jogos faturam mais e driblam a crise

Tatiana Moraes - Hoje em Dia
29/02/2016 às 07:19.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:36
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Bola na trave não altera o placar. Mas, bola em jogo altera, e muito, o faturamento dos bares. Em Belo Horizonte, capital nacional dos botecos, as partidas de futebol dão um verdadeiro alívio ao bolso de quem encosta a barriga no balcão diariamente. Segundo os donos de bares que transmitem jogos, a receita às quartas e domingos aumenta em até 60% na comparação com dias comuns, nos quais as vendas têm caído devido à retração econômica.

É fácil perceber que a movimentação de pessoas aumenta no dia em que a bola rola. Na última quarta-feira, na estreia de Robinho no jogo do Atlético contra o Independiente Del Valle, do Equador, pela segunda rodada da Libertadores, os bares da capital foram tomados pelos torcedores do time alvinegro. Point dos atleticanos em BH, o Bar do Salomão, na Serra, comemorou a vitória do Galo e o faturamento.

Para atrair a clientela, o proprietário do bar, Salomão Jorge Filho, instalou cinco TVs e um telão. “Normalmente são 200 pessoas por dia. Em dias de jogos, chegam a 500”, comemora. O faturamento, diz, aumenta 50% em média.

Embora a advogada Bruna Gomes, de 33 anos, não tenha reduzido a frequência com que vai aos bares, ela afirma que tem dado preferência aos mais baratos. “Não dá mais para gastar tanto por causa da crise. Por isso, escolho os que cobram menos pela cerveja e pelo tira-gosto”, diz. Ela ressalta, ainda, que alguns bares têm se adequado à nova realidade econômica, com novos produtos e promoções.

É o caso do Assacabrasa, com sete unidades em Belo Horizonte. Depois de uma queda nos negócios em 2015, o proprietário José da Costa Carvalho, o Juca, inseriu no cardápio promoções de cerveja e espetinhos individuais. “Antes, só vendíamos a carne no quilo. Agora, reduzimos a porção. E, no caso da cerveja, se a pessoa levar o balde com quatro ela paga menos. Assim, o preço fica menor para o cliente e nós garantimos a venda de mais unidades”, diz.

São nos dias de jogos que os baldes de cerveja saem com mais frequência. Juca comenta que o faturamento aumenta até 30%. “Tudo vende mais. Se o jogo não passa na TV aberta é melhor ainda”, diz.

No Pier 76, na rua Alberto Cintra, no bairro União, os dias de jogos rendem até 60% a mais no caixa. De acordo com a proprietária, Aline Ede, transmitir futebol é uma excelente saída para driblar a crise. “O movimento melhora muito, todo mundo sai de casa. Por isso, passamos todos os jogos”, diz.

Na Savassi, mesinhas na calçada atraem torcedores
 
O quarteirão fechado da Antônio de Albuquerque, na Savassi, entre Paraíba e Getúlio Vargas, é referência para quem procura um lugar para assistir aos jogos de futebol ao ar livre. No espaço, cheio de mesas e cadeiras, cerca de 10 bares que transmitem as partidas disputam os clientes. Três deles – Jacket Potato, Carnossauro e Confraria Albuquerque, recém-adquirido – têm o mesmo sócio: Jeferson Andrade.

É nítido como a transmissão dos jogos faz a diferença. Como a Confraria Albuquerque ainda não possui TV, no local quase não havia clientes na última quarta. “Como acabei de comprar, ainda não tem TV, mas já estou providenciando. Os outros bares estão lotados, você pode ver”, disse o empresário. Como os preços dos bares são parecidos, para atrair o público vale a boa e velha conversa. “Vejo um grupo de pessoas e abordo, conversando e oferecendo a mesa”, diz Andrade.

Com quatro casas na capital e prestes a abrir mais uma na Savassi, o proprietário do O Rei Espetinhos, Ciro Meireles, aposta na possibilidade de o cliente comprar fichas antecipadamente para conquistar o cliente.

“Assim, ele sabe quanto vai consumir e pode controlar os gastos. Sem contar que não paga para entrar e os preços são atrativos”, ressalta Ciro.

Se o resultado já é bom em dias comuns, quando tem jogos o faturamento salta 35%. “E se tem jogo dos dois times é melhor ainda. Transmitimos ao mesmo tempo”, afirma.

Buritis

O proprietário do J-Pub, no Buritis, Lucas Lacerda, criou um atrativo especial para atrair o cliente durante os jogos mais importantes do Atlético e do Cruzeiro. Por R$ 50 a bebida é liberada. Antes, no intervalo e após os jogos, há a apresentação de uma banda.

Os diferenciais ajudam na disputa pelo cliente, já que outros bares próximos ao J-Pub também transmitem a partida.

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