Cemig cogita ‘plano C’ para manter usinas

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
16/05/2017 às 20:32.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:35

 Apesar dos esforços da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para manter a posse das usinas de Jaguara, Miranda e São Simão, essa última a maior da estatal, o governo federal já faz contas com o capital que será arrecadado no leilão dos empreendimentos. Os quase R$ 11 bilhões que entrarão no caixa da União devido ao certame serão utilizados no descontingenciamento de R$ 42,1 bilhões, anunciados em março deste ano.

A Cemig, em contrapartida, não abre mão dos ativos, que representam cerca de 40% da capacidade de geração da empresa. Além de brigar na Justiça pelas usinas, a estatal coloca em prática um plano B. E até um C.

Primeiro, a concessionária entrou com pedido administrativo junto ao Ministério de Minas e Energia (MME) para vender pelo menos 51% das usinas ameaçadas de serem licitadas pela União. Com base na Lei 13.360/2016, se a holding mineira transferir o comando dos empreendimentos para alguma empresa privada, ela tem, automaticamente, direito de explorar as usinas por mais 30 anos.

Em coletiva de imprensa realizada na tarde de ontem para apresentar os resultados da companhia no primeiro trimestre, o superintendente de Relações com Investidores da estatal, Antonio Carlos Velez, confirmou que o MME deu aval para a operação.

Plano C
Outra possibilidade, que seria o plano C, é a participação da companhia no certame. Como hidrelétricas são empreendimentos extremamente peculiares, é provável que a Cemig, que opera os ativos desde a construção, apresente a melhor proposta de tarifa, vencendo a licitação.
Em ambas as situações, a empresa precisará pagar uma outorga ao governo federal e, portanto, vai precisar de caixa.
 

Caixa
Nesse aspecto, a energética desenha um robusto plano de pagamento de dívidas para dar robustez ao caixa. A Cemig pretende concentrar os ativos em geração, transmissão e distribuição. Ou seja, no core business da companhia.
Além de ceifar empresas que não estão diretamente ligadas ao negócio principal, a estatal vai abrir mão daquelas que não detém o controle. Nesse guarda-chuvas entram Cemig Telecom, Gasmig e os 18% que a concessionária possui na Santo Antônio Energia. A Renova também estaria no bolo.

Eurobonds
Outra ação para reduzir a dívida, que soma R$ 13 bilhões até 2024, é a emissão de US$1,5 bilhão em eurobonds, uma espécie de debêntures, porém, comercializadas no exterior. Quem comprar os títulos se torna um credor da companhia.
Conforme o diretor de Finanças da Cemig, Adézio Lima, há 22 anos a energética não recorria ao mercado estrangeiro para captar recursos.
“Fizemos um book, um pacote de investimentos, e fomos ao exterior apresentá-los aos investidores, que estão analisando o material”, afirmou.
Os representantes da estatal visitaram Londres e Boston, entre outros. Conforme o diretor financeiro, a aceitação dos títulos foi boa. “A Cemig é uma empresa forte, é a maior companhia de energia integrada”, justificou.

Taxas
Atualmente, o custo real da dívida da Cemig é de 8,29% ao ano. Mais de 70% do débito é indexado em CDI, contra 26% em IPCA. A companhia não possui dívidas em dólar, moeda que tem oscilado de forma feroz nos últimos tempos.
Para manter-se longe da volatilidade cambial, a estatal fará, em paralelo, uma operação de hedge, que protege o investimento das variações do dólar.


ALÉM DISSO
A Cemig registrou lucro de R$ 343 milhões no primeiro trimestre deste ano, valor quase 70 vezes superior ao registrado em igual período anterior. A empresa registrou, ainda, uma geração de caixa, medida pelo Lucro antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Lajida), de R$ 1,1 bilhão, aumento de 70% se compararmos aos três primeiros meses de 2016, além de uma receita líquida de 4,8 bilhões, alta de 8,07%.

O lucro da Cemig foi impactado, principalmente, pela venda de energia no Mercado Livre, cuja receita apresentou crescimento significativo, passando de R$ 2,6 milhões no primeiro trimestre passado para R$ 226,6 milhões nos três primeiros meses deste ano.

De acordo com o diretor-presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, “apesar do momento econômico difícil vivido pelo país, a companhia tem se esforçado para diminuir as despesas operacionais, além de implementar programas para diminuir a inadimplência dos consumidores e ações para combater os furtos de energia”, destaca.

Desde o segundo semestre de 2016, a companhia tem intensificado o combate às ligações irregulares e clandestinas nos 774 municípios de sua área de concessão. Além disso, a Cemig finalizou recentemente a Campanha de Negociação de Débitos que buscou a regularização das pendências financeiras dos seus clientes.

No primeiro trimestre deste ano, a Cemig teve uma redução de R$ 73 milhões na despesa financeira referente à variação monetária de empréstimos e financiamentos em função da variação do IPCA, que teve uma redução significativa nos últimos 12 meses, passando de 2,62% no ano passado para 0,96% de janeiro a março deste ano. Em relação ao gasto com pessoal, a estatal economizou 7,78%, passando de R$ 413 milhões para R$ 381 milhões.
 

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