Cemig Telecom entra na mira das gigantes TIM e Vivo

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
03/11/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:31
 (Cristiano Machado / Arquivo HD)

(Cristiano Machado / Arquivo HD)

Colocada à venda pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para quitar dívidas, a Cemig Telecom já tem uma gama de interessados. Entre eles, as gigantes da telefonia TIM e Vivo. Segundo fontes ligadas às negociações, a TIM estaria disposta a pagar algo em torno de R$ 500 milhões pela companhia. A possibilidade de investimento da Vivo seria mais robusta, ultrapassando os R$ 600 milhões. “Há, ainda, fundos de investimentos e um fundo canadense de olho na empresa”, disse a fonte, que não quis se identificar.

A Cemig Telecom entrou no bolo de subsidiárias colocadas à venda pela Cemig, plano que foi oficialmente anunciado em junho deste ano. A energética avalia que, somados, os ativos que serão vendidos gerarão R$ 6,6 bilhões, quando considerado o valor patrimonial. A previsão da estatal é concluir as vendas entre 2017 e 2018, sendo que a meta é captar metade até o fim do primeiro semestre do ano que vem.

“A Cemig está sujeita a restrições sobre a sua capacidade de captar recursos de terceiros, o que (...) pode afetar adversamente seus negócios, resultados operacionais e situações financeiras”Ata da AGE realizada em 26/10

Dívidas
O cenário não é bom para a Cemig. Além de perder uma batalha judicial para União e ver descer pelo ralo a operação de quatro usinas que representavam quase 50% da geração da empresa em setembro – entre elas São Simão, a maior do grupo –, a companhia amarga dívida de R$ 12,5 bilhões, a um custo real de 8,97% ao ano. Em caixa, ela tem apenas R$ 2,5 bilhões.

A dívida líquida sobre lajida também preocupa. Ao final do segundo trimestre de 2017, o número, que indica a capacidade de a empresa honrar com compromissos do mercado era de 3,98 vezes. A linha de corte que determina credibilidade é 4 vezes.

O caixa da empresa, aliás, foi assunto da última Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Cemig, realizada na semana passada.

Conforme a ata da reunião, “a companhia assumiu um valor significativo de dívida para financiar os gastos de capital necessário para cumprir os objetivos de crescimento de longo prazo. Em 30 de junho de 2017, o passivo circulante consolidado da Cemig excedeu o ativo circulante consolidado em R$ 3,9 bilhões. Nessa data, os empréstimos, financiamentos e debêntures, de curto e longo prazos, da Cemig totalizaram R$ 5,19 bilhões e R$ 9,41 bilhões, respectivamente”, diz o texto.

No encontro, os acionistas aprovaram aumento de capital no valor de até R$ 1 bilhão, mediante emissão de 200 milhões de novas ações a um preço de R$ 6,57 cada.

Durante a reunião, ficou clara a preocupação da empresa com o elevado endividamento. Foi colocada em questionamento, inclusive, a capacidade de a empresa celebrar novos contratos e, até mesmo, refinanciar as obrigações existentes.

TIM, Vivo e Cemig não quiseram se pronunciar sobre o assunto.

Empregados temem demissões na companhia

Embora haja interessados em comprar a Cemig Telecom em pleno funcionamento, a Cemig não descarta a possibilidade de encerrar as operações da subsidiária e vender o patrimônio, avaliado em R$ 193 milhões, pouco a mais do que o faturamento da empresa, de R$ 170 milhões. A denúncia foi feita por um grupo de funcionários da subsidiária em nota enviada à imprensa. A renúncia do presidente da empresa Aloísio Vasconcellos, na terça, estaria ligada aos planos do grupo energético para a subsidiária.

“O então presidente Aloísio Vasconcellos teria dito que considerava inaceitável a ideia de demitir sumariamente mais de 300 colaboradores e vender uma empresa rentável e autossustentável de maneira tão incoerente. Como não obteve sucesso em dissuadir a diretoria do grupo Cemig dessa ideia, preferiu renunciar ao cargo, que ocupava desde 2015”, diz o texto.

Funcionário de carreira do grupo Cemig (ele entrou na empresa como estagiário), Aloísio Vasconcellos preferiu não detalhar os motivos que o levaram a renunciar, mas comemora os avanços do braço de telecomunicações do grupo. “A empresa cresceu na minha gestão, passou a atuar em oito estados, saiu do prejuízo para lucro, evoluiu de 200 clientes para 1091 e foi ao mercado internacional. Então, passou a ter um resultado enorme R$ 170 milhões de faturamento. O índice de satisfação dos funcionários e do mercado é grande. Prova disso é que ganhamos quatro dos cinco prêmios do setor este ano”, diz.

Questionado sobre como será feita a venda da companhia, ele não respondeu. “O acionista tem o direito de vender a empresa, e isso vai ficar a cargo deles. Preferi sair de uma maneira muito educada e elegante, pois tenho boas amizades no grupo”, afirmou.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por