Cemig tenta abrir mão do controle de usinas para usar ativos por mais 30 anos

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
13/04/2017 às 15:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:07

Com mais de 40% da geração ameaçada em decorrência da perda das usinas de São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) já desenha um plano “B” para dar robustez ao caixa em 2017. A estatal entrou com pedido administrativo junto à União para vender o controle das hidrelétricas a alguma empresa privada. Com base na Lei 13.360/2016, caso a transação seja concluída, a companhia teria, automaticamente, direito a explorar por mais 30 anos os ativos.

Conforme a legislação, o leilão de pelo menos 51% das usinas deve ser realizado até 28 de fevereiro do ano que vem. A transferência do controle das usinas deve ser feita até 30 de junho. O prazo extrapola o certame que o governo federal prepara para os empreendimentos, até 30 setembro. 

De acordo com portaria publicada no Diário Oficial na semana passada, São Simão estaria no primeiro lote. Miranda, Jaguara e Volta Grande, no segundo. Sem caixa, o governo pretende arrecadar pelo menos R$ 12 bilhões com o leilão, reduzindo, assim, o rombo do país. 

“O governo está preocupado com o déficit brasileiro, não com quem opera as usinas”, afirmou o diretor de distribuição e comercialização institucional Luís Fernando Paroli Santos ontem, durante coletiva de imprensa da empresa.

Caso a União não aceite pedido da companhia, a própria Cemig deve disputar as hidrelétricas no certame. Como as usinas têm operação extremamente específica, dificilmente outra empresa conseguiria apresentar uma margem melhor do que a da mineira, garantindo a ela a operação das hidrelétricas. O problema é que ainda não se sabe como a empresa será paga pela venda da energia gerada. Atualmente, as quatro usinas operam no sistema de cotas. Isso significa que o valor médio pago por megawatt-hora (MWh) gira em torno de R$ 30, contra R$ 150 no passado. 

Desinvestimentos

Abrir mão de empresas que não fazem parte do<CF36> core business da companhia continua como estratégia para quitar pelo menos parte da dívida líquida, que soma R$ 13,1 bilhões até 2024, conforme afirma o superintende de Relacionamento com Investidores, Antonio Carlos Velez. Somente neste ano, R$ 4,8 bilhões em débitos vencerão. Em dezembro do ano passado, o custo real da dívida era de 8,4%.

Ativos nos quais a Cemig não é controladora também estão na mira. Entre eles, especialistas do mercado citam a fatia de 18% que a estatal possui na Santo Antônio Energia (entre participação direta e indireta) e a Cemig Telecom. Segundo Velez, interessados não faltam. Porém, ele ressalta que até o momento não há nada concretizado.

Resultados

A Cemig fechou 2016 com queda de 86,4% no lucro líquido, na comparação com 2015. A receita líquida caiu 14,2% e a Lajida despencou 52,4%. Segundo Velez, o redirecionamento de São Simão para o regime de cotas, a redução no preço da energia no mercado livre e a queda no consumo das indústrias em decorrência da crise econômica estão entre os principais motivos.

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