Centros de pesquisa driblam a crise para manter projetos inovadores em curso

Raul Mariano
rmariano@hojeemdia.com.br
07/04/2016 às 19:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:50
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

O cenário de crise econômica que atinge o Brasil tem impactado fortemente diversos setores da indústria e desestimulado investimentos em novas tecnologias. No entanto, o esforço dos pesquisadores mineiros para propor novas soluções para a indústria tem crescido a cada dia.

Dentro do Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), pelo menos três centros de tecnologia (CTs) estão dedicados ao desenvolvimento de novos produtos que possam ser utilizados pelo mercado.

O CTNanotubos, especializado em ciência e engenharia de materiais,já desenvolve projetos encomendados por grandes empresas como a Petrobras.
De acordo com o professor Marcos Meira, coordenador do CT, o objetivo é trabalhar em escalas e custos menores, para que sejam feitos os testes nos produtos que, mais tarde, serão aplicados na indústria.

“Um exemplo é a tecnologia do cimento, que é usada sem progresso há cerca 200 anos em todo o mundo. Com a nanotecnologia você pode desenvolver um cimento que seja muito mais resistente do que o produto convencional”, explica.

Digital

Nas plataformas digitais também há projetos em desenvolvimento. É o caso do CTWeb, que utiliza dados gerados pelos usuários na internet para produzir informações relevantes que possam ajudar no desenvolvimento de um produto.
Um exemplo é o Observatório do Automóvel, desenvolvido com a empresa de tecnologia A3Data, que tem a Fiat como um dos clientes.

Na prática, o projeto coleta comentários, avaliações, cliques nas redes sociais e usa a inteligência analítica para gerar informações sobre o mercado automobilístico.

Apesar das dificuldades de encurtar o caminho entre as pesquisas e a aplicação prática, especialistas afirmam que há sinais de melhoria na relação entre pesquisadores e empresários.

“As empresas veem a universidade como um provedor de mão de obra, o que é legítimo. Mas ainda é distante ver a universidade como um provedor de tecnologia. Então, é preciso ter mecanismos formais e uma cultura de inovação tanto nas empresas quanto nas universidades, que precisam assumir esse papel. Acredito que estamos no meio de um processo que tem um caminho a ser percorrido”, destaca o coordenador do CTWeb, Wagner Meira.

Minas desenvolve vacina contra leishmaniose para humanos

Os centros tecnológicos também podem servir como laboratório para empresas da área de saúde. Dentro do BH-Tec, o CTVacinas é um exemplo claro disso. O centro atua no desenvolvimento da única vacina para leishmaniose visceral canina disponível no mercado brasileiro.

Os avanços estão motivando inclusive o desenvolvimento da mesma vacina para aplicação em seres humanos, conforme explica a professora Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do CTVacinas.

“Há fases de desenvolvimento de produtos na área de saúde que nem a universidade e nem as empresas brasileiras têm capacitação técnica e recursos para fazer de forma isolada”, relata.

Segundo a professora, o contexto atual gera oportunidades para que um novo ambiente de negócios seja criado, onde empresas geradas dentro da academia viabilizem a transformação de patentes em produtos.

Parceria

“A tentativa é sempre complementar as competências. Outra proposta é que sejam geradas empresas em que os próprios pesquisadores estejam à frente porque muitas vezes o setor privado não tem condição de suprir toda a demanda existente”, explica Ana Paula.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por