Cesta de Natal vai pesar mais no bolso do consumidor neste ano

Raul Mariano - Hoje em Dia
19/11/2014 às 07:30.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:04
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Os ingredientes da ceia de Natal vão pesar mais no bolso neste fim de ano. Com a alta de 7,2% do dólar entre janeiro e outubro, os itens importados como vinhos, espumantes, azeites e geleias serão os mais impactados.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que vários dos produtos consumidos na data comemorativa já ficaram mais caros no acumulado de janeiro a outubro, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

As bebidas alcoólicas como os espumantes e os vinhos, que têm grande participação de importados, subiram 6,10% entre janeiro e outubro. Os refrigerantes, por sua vez, tiveram alta de 6,57%, enquanto as cervejas aumentaram 7,45%.

Os panificados, que têm como matéria-prima principal o trigo – importado e cotado em dólar –, como panetones, bolos e pães, também subiram 7,94% ao longo do ano, segundo o IBGE.

A intenção dos varejistas, no entanto, é de não repassar os aumentos integralmente para o consumidor final. De acordo com o superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, a maioria dos estabelecimentos vai diminuir a margem de lucro e os preços só deverão subir se o dólar disparar.

Para atingir as metas de faturamento no Natal, que é uma das mais esperadas pelo comércio, lojistas de Belo Horizonte vão apostar nas cestas personalizadas como forma de dissolver custos.

A gerente geral da Casa Rio Verde, Renata Andrade, explica que a estratégia de negociação traçada para o período permitiu que empresa mantivesse e até reduzisse os preços de alguns itens. Ela comenta que há opções de cestas 8,6% mais baratas do que no ano passado.

“Tínhamos muita coisa em casa compradas quando o dólar custava entre R$ 2,20 e R$ 2,25. Além disso, estamos preocupados com a retração do mercado e, para não perder clientes, optamos por reduzir drasticamente a margem de lucro”, explica.

O mesmo raciocínio está sendo seguido pelo diretor da loja de vinhos Decanter, Flávio Morais. Ele comenta que produtos em conserva como as geleias tiveram alta mais significativa, no entanto isso não trará reflexos no preço de venda.

“Nossa negociações com fornecedores foram feitas em maio e junho, até porque os produtos importados levam tempo para chegar até o Brasil. Na virada do último mês, o ICMS-ST incidiu sobre as bebidas num percentual de 3%, mas nem isso vai impactar nos nossos preços”, afirma o empresário.

Mercado externo encarece as carnes

As carnes também estarão mais caras neste fim de ano. A de porco subiu 10,65%, mais do que o dobro da inflação acumulada no período, que foi de 5,05%. Outras carnes como o frango (9,02%), a costela (13,88%) e o contrafilé (11,99%) também subiram.

Para o analista de agronegócio da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Wallisson Fonseca, a queda na oferta de carne bovina e suína no mercado interno foi o principal fator determinante para o aumento no preço.

“A demanda superaquecida do mercado externo tem impulsionado a exportação dos frigoríficos se compararmos com o ano passado. Além disso, a carne suína está tendo uma aceitação maior de países que não compravam do Brasil, o que acaba direcionando boa parte da produção para o exterior”, explica.

“A carne bovina, por sua vez, cresceu 6% no volume de exportações e teve no preço médio um aumento de 5%. A carne suína teve um decréscimo de 8% nas exportações, porém o preço médio da tonelada aumentou 19%, o que está influenciando diretamente no preço interno”, complementa Fonseca.

Com a queda de 54% no volume e receita das exportações de frango, a tendência é que o produto seja o mais atraente para o consumidor.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por