CFM barra prescrição dos remédios da ilusão

Do Hoje em Dia
21/10/2012 às 07:50.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:24

Duro golpe no mercado de medicamentos. O Conselho Federal de Medicina (CFM) proibiu aos médicos que receitem a seus pacientes o uso de hormônios e outras substâncias que prometem evitar o envelhecimento ou, até mesmo, provocar o rejuvenescimento.


É farta a propaganda dessas modernas fontes da juventude, tão enganadoras como aquelas que fascinavam Cleópatra na antiguidade egípcia. Mudam apenas as formas e as formulações. Permanece igual o desejo de não envelhecer, apesar de todo o glamour que se tenta criar hoje em torno da “melhor idade”, que de real só tem o fato de que, nessa idade, os anos são curtos e os dias longos.


A reposição hormonal, segundo o CFM, só pode ser receitada quando houver um déficit comprovado de hormônio e, mesmo assim, por uma substância cuja eficácia esteja cientificamente comprovada para a cura de alguma doença. O médico não pode prescrever hormônio para o paciente que não apresentar déficit hormonal, mesmo que imagine que ele venha a ter no futuro.


A resolução do Conselho certamente sofrerá muitas críticas dos fabricantes e até de entidades médicas, como a Academia Brasileira de Medicina Antienvelhecimento, cujo presidente já declarou que a medida é ilegal. A resolução proíbe também a prescrição, com o fim de combater o envelhecimento, de vitaminas, de antioxidantes e dos chamados hormônios bioidênticos, que são hormônios sintéticos com estrutura igual aos dos naturais, segundo os fabricantes.

 

Conforme o CFM, não há evidência científica da eficácia desses produtos contra o envelhecimento. O relator da resolução no Conselho, médico Gerson Zafalon, resumiu bem a situação, ao afirmar que não se pode vender ao paciente uma ilusão que vai lhe custar caro. E custa caro não apenas em dispêndio monetário. A sobrecarga de hormônios no corpo pode desencadear problemas sérios, como diabetes, hipertensão, distúrbios do sono e câncer. O médico que, apesar dessas advertências, descumprir a nova norma, poderá ter seu registro cassado.


A verdade é que, para não envelhecer, só existe uma receita infalível. A prescrita por Lord Byron, que viveu entre 1788 e 1824: morrer jovem. Não é o que se deseja, evidentemente. É possível fazer com que a velhice não se transforme em arrependimento. Basta se empenhar por viver, desde cedo, o melhor possível. E por certo, nessa receita, não se encontram o autoengano e a aquisição de substâncias químicas que são inócuas para os fins desejados.

 

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