Cláusula de saída poderia gerar cortes na Usiminas

Tatiana Lagôa
tlagoa@hojeemdia.com.br
19/01/2017 às 15:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:28
 (Divulgação)

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A Nippon Steel, uma das controladoras da Usiminas, teme que a inclusão de uma cláusula de saída, proposta pela sócia Ternium, tenha como efeito colateral cortes de investimentos e de gastos na siderúrgica, incluindo demissões. Para o presidente do grupo, Hironobu Nose, a possibilidade de que um parceiro adquira a parte do outro a preços superestimados em função do mecanismo de resolução de conflitos, forçará quem ficar no controle da companhia a compensar o investimento com a retirada excessiva de dividendos. 

Ontem, Nose concedeu entrevista coletiva em Belo Horizonte. A vinda dele ao Estado (sua base é São Paulo) foi motivada pela repercussão da matéria publicada pelo Hoje em Dia, no dia 10 de janeiro, com a entrevista do diretor da Ternium Brasil, Glauco Sabatini. Na ocasião, Sabatini defendeu a cláusula de resolução de conflitos como fundamental para o estabelecimento de um acordo entre os sócios, e disse que o mecanismo de compra e venda só seria acionado em caso de divergência grave entre as partes. Nesse caso, o sócio que oferecesse o maior valor pelas ações compraria o controle acionário da empresa. O detalhamento das regras ainda seriam discutidas entre os sócios. 

Mas, Nose defendeu, ontem, que esta não é a melhor saída. “O acionista que pagou um valor alto para conseguir o controle vai querer retorno do investimento. Pode forçar a uma gestão mais rígida”, afirmou. E complementou: “Nesse cenário difícil que o Brasil enfrenta, para ter resultado é preciso ter redução de custos”, afirmou. Perguntado sobre se essa austeridade incluiria demissões, ele disse que “sim, é uma das opções”. 

Depois de fechar, até setembro de 2016, com um prejuízo de R$ 378 milhões, a Usiminas já vem fazendo ajustes. Nose pondera que um esforço de gestão nesse contexto é comum. Mas acredita que o processo de ajustes poderia ser radicalizado no caso de acionamento da cláusula de saída.

Proposta da Nippon 

A proposta da Nippon para a pacificação entre os sócios é a alternância de poder, ainda não aceita pela Ternium. Nose, entretanto, concorda que uma mudança constante na presidência poderá significar alterações também nos escolhidos para ocupar outros cargos estratégicos na companhia. Perguntado se isso poderia trazer reflexos negativos sobre a gestão e planejamento de longo prazo, ele disse “outras empresas também mudam o presidente. Mudar a política tem lados positivos e negativos”. A Ternium não comentou. 

Sócio japonês nega ter interesse em sair da empresa

O presidente da Nippon Steel, Hironobu Nose, se diz aberto para negociar uma resolução para o conflito em curso com a sócia ítalo-argentina, Ternium. Mas garante: “Não temos a menor intenção de sair da Usiminas”. 

Mas, da mesma forma que a Ternium, a Nippon acredita que o consenso seja necessário para que a companhia foque em obtenção de resultados. Nose defende que o principal problema é a falta de um mecanismo bem definido para a escolha do presidente. Atualmente, isso ocorre por meio de um consenso entre as partes. 

Na falta de um acordo, na visão do executivo, torna-se plausível definir que a cada período uma das empresas indique quem ocupará a presidência. 

De um lado, a Ternium pede a recondução de Sérgio Leite, que foi retirado por vias judiciais com quatro meses de gestão. De outro, a Nippon acredita que o atual presidente interino, Rômel Erwin de Souza, seja o melhor para a companhia. 

Nose afirma que, em nome de uma “trégua” o grupo japonês estaria disposto a aceitar Sérgio Leite como o primeiro presidente. Rômel ficaria como presidente do conselho. Depois, os japoneses escolheriam o próximo CEO. 

Para Nose, a parceria entre as duas companhias tem dado certo no México porque lá o mercado consumidor vai bem, com vendas de veículos em alta, e as participações no negócio são diferentes, com prevalência da Ternium. 

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