Classes populares lideram calote em Belo Horizonte

Iêva Tatiana - Do Hoje em Dia
18/07/2012 às 14:05.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:39
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

No mês passado, a inadimplência das classes C, D e E foi responsável pelo aumento dos casos de calote registrados em Belo Horizonte. O índice passou de 6,2% em maio para 6,5% em junho, o maior do ano. Juntas, as três classes concentram 83% dos consumidores inadimplentes da cidade; 52% apenas na classe C, de acordo com a Pesquisa de Endividamento do Consumidor, da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas).
 

O levantamento mostrou que a maior parte (70%) dos inadimplentes belo-horizontinos é assalariada, com renda média entre dois e cinco salários mínimos (75%), na faixa etária entre 16 e 34 anos (46,1%). Para o economista da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo, a explicação para a alta da inadimplência está na facilidade de acesso ao crédito.

“A classe C responde por mais de 50% da população, é a mais expressiva numericamente. Antes, a demanda era reprimida, mas, agora, as pessoas estão indo às compras e tendo acesso a bens que não tinham”, analisa.

Diante desse cenário, o desejo de comprar pode acabar comprometendo o orçamento e o pagamento das dívidas antigas. Foi o que aconteceu com a doméstica Ione Soares dos Santos, de 30 anos, que já teve o nome incluído no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). “É o olho grande, a tentação. Às vezes, compramos alguma coisa de que precisamos e deixamos de pagar as contas”, diz.

Para Ione, o importante é tentar regularizar a situação rapidamente, para evitar constrangimentos. “Atualmente, estou com um probleminha, mas já estou resolvendo. Acontece de meu nome ficar sujo, mas não é por opção. Acho que é assim com todo mundo. Ninguém suja o nome porque quer”, diz.

Mas a pesquisa revelou também que o índice de endividamento em Belo Horizonte caiu para 66,4% em junho frente aos 70% registrados em maio. Foi o menor indicador desde o quarto bimestre do ano passado. O professor de Finanças da Faculdade IBS/FGV, Ewerson Moraes, credita a retração à acomodação econômica observada na cidade.

“Houve um boom no consumo há alguns meses, mas quem tinha de comprar já comprou e agora está pagando. O mercado deve voltar a se movimentar perto do Natal”.

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