Com adiamento de projetos, mineração põe o pé no freio

Bruno Porto - Hoje em Dia
27/09/2015 às 07:59.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:52

Um novo patamar de preço para o minério de ferro trouxe também uma nova realidade de mercado para a cadeia de fornecedores da indústria mineral. Receitas menores – efeito da desaceleração do mercado chinês, principal comprador do produto – geram congelamento de planos de investimentos, acarretando menor volume de encomendas para as empresas que fornecem serviços e produtos para a mineração. Como consequência, o setor amarga carteiras de contratos vazias e demissões.

“A situação é muito negativa. As empresas fazem vários estudos e projetos, mas o capex (plano de investimento) não é aprovado, ou é menor do que o esperado. Em virtude disso, nós que sempre trabalhamos com carteira de contratos para um ano e meio, estamos agora com um horizonte de apenas seis meses”, disse o diretor de Desenvolvimento de Negócios da MDE, Cléber Antinossi.

Baseada em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a MDE é fornecedora de sistemas de manuseio de granéis, usados pela indústria da mineração desde a extração do minério até o embarque. Em fevereiro de 2014, a empresa empregava 520 trabalhadores, número reduzido para os 380 atuais. Segundo Antinossi, a expectativa é de um faturamento este ano 60% menor que o de 2014.

A Inbras, que atua no segmento de equipamentos como os separadores e concentradores magnéticos, além de estatores de sucata, tem 75% de seu faturamento oriundos de contratos com mineradoras.

“Existem dezenas de projetos prontos, inclusive com parte comercial negociada, mas que foram paralisados desde meados de 2014”, disse Paulo Edmundo Ricciardi, do escritório da empresa em Belo Horizonte. A Inbras reduziu pela metade seu quadro de pessoal em um ano, e deve contabilizar este ano receitas 30% menores que as de 2014.

Serviços

No setor de serviços a menor disposição das mineradoras em investir estagnou os negócios, segundo o diretor da MCB, de Belo Horizonte, Mauro Sérvulo. “O mercado está parado. Como há uma volatilidade muito grande, é difícil enxergar o que teremos no horizonte”, disse.

A MCB é fornecedora de um software australiano, o Deswik, que atua no planejamento e sequenciamento da mina. Como o equipamento é comercializado em dólar, a companhia se beneficia da atual valorização da moeda norte-americana, uma vez que existem contratos ativos com grandes empresas, como Vale, Votorantim e Jaguar Mining.

O impacto mais severo foi sobre os serviços de geologia que a companhia fornece. “Neste caso, como o Marco da Mineração, em análise no Congresso, não tem uma definição, a demanda caiu e passamos a focar mais no software, que tem potencial para redução de custos, uma demanda das empresas em tempos de crise”, afirmou Sérvulo.

55 por tonelada é a cotação atual do minério de ferro. Em janeiro de 2014, o preço era US$ 128

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