Conta de luz sobe 3% em Minas Gerais

Tatiana Moraes
tmoraes@hojeemdia.com.br
24/10/2017 às 20:33.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:22
 (Arquivo divulgação / Cemig)

(Arquivo divulgação / Cemig)

A conta de luz dos clientes da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) vai subir quase 3% no próximo mês. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou aumento na cobrança da bandeira vermelha patamar 2, que está em vigor. Isso significa que em vez de R$ 3,50, o consumidor vai desembolsar R$ 5 a cada 100 quilowatts-hora (KWh), elevação de 42,9%.

Desde junho, quando vigorava a bandeira verde, a conta de luz já aumentou 10% devido ao hasteamento das bandeiras amarela e vermelha.

Quando é levado em consideração apenas o custo da energia, sem incluir transporte e impostos, por exemplo, o impacto é ainda maior, conforme análise do ex-conselheiro da Eletrobrás e consultor do setor energético Roberto D’araújo.

“O aumento na conta de luz é altíssimo. Se considerarmos apenas a energia, sem levar em conta impostos e transporte, por exemplo, estamos falando em uma alta de 17%”Roberto D’AraújoConsultor do setor energético

Somente em energia, o consumidor paga cerca de R$ 30 por KWh. Com o reajuste, a bandeira vermelha patamar 2 representa um impacto de quase 17%. “O consumidor não tem percebido o tamanho do rombo. Os aumentos são muito altos e têm sido constantes”, alerta o especialista.

A bandeira tarifária foi instituída com o objetivo de remunerar as distribuidoras pelo gasto com o uso de combustíveis não renováveis, utilizados pelas geradoras. Antes, este custo era repassado ao consumidor anualmente no reajuste da conta de luz. Agora, o repasse é praticamente automático.

Quando há queda no nível dos reservatórios devido à baixa incidência de chuvas, por exemplo, é necessário ligar as usinas térmicas, que são movidas a carvão, gás natural e óleo diesel, entre outras. O valor gasto com esses insumos é maior do que o destinado à água que move as hidrelétricas.

E foi exatamente o que aconteceu em outubro. Conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), o nível dos reservatórios das regiões Centro-Oeste e Sudeste, que respondem por 70% da geração elétrica nacional, está em 18,8% do máximo. Em outubro do ano passado, o nível era de 34,8%, quase o dobro. O baixo índice de chuvas é um dos motivos da queda no armazenamento de energia.

Histórico
A título de comparação, o índice médio registrado pelos reservatórios é o pior para outubro desde 2001, quando o sistema elétrico brasileiro entrou em colapso devido à falta de chuvas. Naquela época, ameaças reais de racionamento elétrico foram impostas pelo governo e só não foram concretizadas devido às precipitações, que chegaram de última hora.

Quando comparado com outros meses, o nível dos reservatórios é o terceiro pior desde o começo dos anos 2000. Em janeiro de 2015, a energia armazenada chegou a 17% do máximo. Em novembro de 2014, bateu a casa de 15,8%.

Estagnação
Em contrapartida, o consumo de energia dos brasileiros está estagnado desde 2014, início da crise econômica. Conforme avalia Roberto D’Araújo, se não houvesse estagnação da produção industrial, o país já teria anunciado um sistema de racionamento.

Ele destaca que muitas termoelétricas em operação no país ficam desligadas durante a maior parte do ano, devido ao alto custo de operação. Elas somente são acionadas quando há falta de água nos reservatórios.

“As térmicas são uma espécie de seguro. O ideal é que esses empreendimentos fossem utilizados com mais frequência e menor intensidade, permitindo acúmulo nos reservatórios. Porém, apesar de contabilizarmos esses empreendimentos como oferta, eles não são usados com frequência”, ressalta.

Segundo o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino, está prevista a realização de audiência pública para reavaliar a bandeira tarifária. Atualmente, a metodologia considera o valor do Custo Marginal de Operação (CMO) para o próximo mês, porém, o executivo afirma que esse valor é muito volátil e também defende que seja considerado o nível de armazenamento.

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