Corrupção está relacionada a atentado contra promotor de Monte Carmelo

Ezequiel Fagundes
erios@hojeemdia.com.br
02/04/2016 às 09:33.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:44
 (Lucas Prates)

(Lucas Prates)

 
Há um ano, o promotor de Justiça de Minas Marcus Vinícius Ribeiro Cunha, 34 anos, foi vítima de um atentado. Quinze tiros foram disparados. Dois atingiram as costas, perfurando o pulmão, e um o braço. Atendido a tempo, ele sobreviveu. O motivo do crime: vingança. O caso gerou repercussão nacional. Titular da comarca de Monte Carmelo, Marcus havia descoberto um esquema de corrupção no município. A investigação apontou o envolvimento de lideranças políticas da cidade.

Agora, em janeiro deste ano, a Procuradoria de Combate aos Crimes Praticados por Agentes Públicos Municipais, órgão especial do Ministério Público (MP) em BH, ofereceu denúncia contra 16 pessoas. O Hoje em Dia teve acesso à cópia da ação. Entre os denunciados, estão o prefeito de Monte Carmelo, Doutor Fausto (PT), o vice Joãozinho Dentista (PHS), o presidente cassado da Câmara Valdelei José de Oliveira (PR), além de empresários e servidores públicos.

Licitações

Segundo a denúncia, o prefeito é acusado de ser chefe de uma organização criminosa especializada em fraudar licitações públicas. O vice estava associado ao chefe do Executivo. O esquema utilizava de empresas constituídas por laranjas que, na realidade, repassavam os lucros das licitações para Valdelei de Oliveira. O parlamentar, por sua vez, é apontado como mentor da tentativa de assassinato do promotor.

Conforme o MP, o atentando foi cometido pelo filho do vereador, Juliano de Oliveira. Pai e filho estão presos aguardando julgamento.
Pela investigação, as verbas públicas eram desviadas em proveito próprio dos acusados e para garantir apoio político ao prefeito na Câmara. A ação penal foi distribuída para o desembargador Sálvio Chaves, da 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, pois o prefeito e o vice possuem foro privilegiado.

Delação

Com o aprofundamento das investigações, foi deflagrada a operação “Feliz Ano Novo”, que culminou com a prisão preventiva de Valdelei, após análise do material apreendido, que incluiu escutas telefônicas. O parlamentar resolveu fechar um acordo de delação premiada implicando o prefeito de Monte Carmelo.

A partir daí, descobriu-se as três empresas ligadas ao vereador que foram utilizadas no esquema. Somente uma das firmas, a Regional Construtora e Limpeza Urbana Ltda, contratada para fazer capinas e podas de arbustos, recebeu R$ 400 mil da prefeitura. A participação das outras duas empresas será alvo de uma outra denúncia do MP.

Outro lado

Por meio de advogado, o vice Joãozinho “nega ter recebido qualquer valor ou qualquer participação nos fatos, sendo certo que tudo será devidamente esclarecido e provado no decorrer da inquirição criminal”. Em nota, o prefeito Doutor Fausto declarou que “as imputações delitivas são diferentes entre os que foram apontados no processo e o nome dele (prefeito) foi envolvido no caso em função de interesses políticos antagônicos”. O advogado do ex-presidente da Câmara e do filho dele não foi encontrado.

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